Especialistas falam sobre a saúde do trabalhador
O trabalho pode promover integração social e dar sentido à vida, mas também está associado a quadros importantes de saúde
04 de maio de 2018
O trabalho pode promover integração social e dar sentido à vida, mas também está associado a quadros importantes de saúde
Marcos Paulo Rodrigues*
O ritmo acelerado pela forma atual de organização da vida moderna precisa ser debatido levando em conta a saúde mental no trabalho. Se por um lado a saúde do trabalhador pode ser comprometida por jornadas de trabalho desequilibradas, por outro há promoção da saúde e bem-estar quando o contexto em que esse trabalhador está inserido proporciona integração social.
De acordo com o professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG e coordenador do Observatório em Saúde do Trabalhador de Belo Horizonte, Tarcísio Pinheiro, a maneira com que os indivíduos lidam com o trabalho é resultado da organização econômica da sociedade, fazendo com que algumas pessoas busquem estratégias capazes de suprir as necessidades impostas pelo contexto social.
Isso caracteriza, em alguns casos, excesso de trabalho, mesmo que por opção individual. “Se eu tenho uma família para sustentar, a opção que eu tenho é trabalhar mais, não que não tenha consciência que o trabalho pode estar me desgastando, mas eu não estou enxergando alguma alternativa”, ilustra Tarcísio Pinheiro. Ele pontua que esse tipo de situação é uma estratégia, que ao ser rompida pode se tornar um problema à saúde do trabalhador.
Além disso, a sobrecarga de trabalho, relações hierárquicas danosas e até a falta de capacitação para o trabalho proposto podem levar ao adoecimento físico e/ou mental do indivíduo, por exemplo, com quadros de estresse, depressão e doenças osteomusculares. Já o psiquiatra, epidemiologista e também professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade, Helian Nunes, ressalta que, quando associado à rotina de modo equilibrado com boas condições ao indivíduo, o trabalho promove saúde. “O fato de se sentir útil, conhecer pessoas, ver resultados do trabalho, traz saúde mental também. Não ter acesso a esse trabalho é estar em um grupo de risco de adoecimento, sobretudo em um período da vida muito produtivo”, diz.
O trabalho também deveria servir como ferramenta de inclusão social, principalmente àquelas pessoas que costumam ser excluídas pela sociedade em geral. “A tendência é a gente pensar que se a pessoa tem uma esquizofrenia, Síndrome de Down ou mesmo uma depressão grave, que ela deveria ser excluída do trabalho, mas na verdade cada pessoa tem um potencial”, afirma Helian Nunes. As limitações que envolvem a saúde, sejam elas motoras, visuais ou mentais, não podem representar um fator de exclusão. “Tem que avaliar, ela tem um potencial, tem que ver onde ela pode ser aproveitada. Não alienar essas pessoas do trabalho, ofertar atividades adequadas a cada um”, completa o psiquiatra.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.
O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.
*Redação: Marcos Paulo Rodrigues – estagiário de Jornalismo
Edição: Lucas Rodrigues