Espetáculo coloca em evidência histórias de pessoas em situação de rua

A apresentação foi inspirada na personagem Lady Macbeth, de Willian Shakespeare, e no cotidiano de moradores de rua


16 de junho de 2016


Foto: Débora Nunes

Foto: Débora Nunes

O campus Saúde recebeu nesta quinta, 16, o espetáculo “Se essa rua fosse minha – um solo de Macaxeira”, da Cia. Quinta Marcha, atração do mês de junho do Projeto Quinta Cultural. A apresentação, inspirada na personagem Lady Macbeth, de Willian Shakespeare, e no cotidiano de moradores de rua, divertiu o público, também propondo reflexões sobre questões referentes ao universo dessas pessoas.

Na peça, a personagem Macaxeira, interpretada pela atriz Denise Lopes Leal, conta a história de seu casamento, revelando a realidade da loucura vivenciada por parte da população de rua. O enredo é desenvolvido a partir da interação com o público e, através da comédia, faz uma crítica às mazelas políticas e sociais. Denise conta que, nas apresentações, procura dialogar com questões atuais, que sejam relevantes naquele local. “Geralmente, a gente tenta pegar personagens da cidade, da política ou alguns assuntos como a queda do viaduto em Belo Horizonte em que o Luiz Estrela, morador de rua, faleceu e teve o nome dado a um espaço cultural”, explicou.

Macaxeira

A personagem “Lady Macaxeira” foi criada em 2010, na formatura de Denise no Centro de Formação Artística (Cefar) da Fundação Clóvis Salgado. Na ocasião, ela e um amigo do curso encenaram um casal de moradores de rua, inspirados na obra de Shakespeare. A atriz conta que decidiu resgatar o papel após ter contato com moradores de rua da região central da capital. “Eu queria uma forma de dar visibilidade para essas pessoas, porque eram muitas histórias que eu ia ouvindo e que iam me inspirando”, contou.

Ela diz, ainda, que o espetáculo não só é inspirado nessas pessoas, mas também é uma homenagem a elas. “Na apresentação, inclusive, eu cito frases que eu ouvia durante essa experiência no Baixo Centro”, explicou Denise.

Interação com o público

Segundo a atriz, a ideia de levar o espetáculo para as ruas vem de uma vontade de jogar com a realidade e a encenação, rompendo com a “parede imaginária” que existe entre o artista e o público do teatro. “O que a gente quer é que a atuação se aproxime mesmo da realidade”, declarou.

Durante a apresentação no campus Saúde da UFMG, que aconteceu no horário do almoço, a personagem conversou com pessoas que passavam, entrou no Restaurante Universitário e ainda mostrou fotos de seu marido, Mandioca, ao público.

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Margarida de Menezes veio à Faculdade exclusivamente para acompanhar o espetáculo. Foto: Débora Nunes

A aposentada, Margarida de Menezes, contou que veio à Faculdade exclusivamente para acompanhar o espetáculo. “Eu vi no jornal que teria a peça e resolvi vir. Adorei a apresentação e acho que as pessoas deveriam valorizar mais iniciativas como essa”, disse. Já o aluno do curso de Enfermagem, Luiz Felipe da Silva, aproveitou o intervalo para ver a apresentação. “Foi interessante por abordar diversas questões relevantes ao contexto político atual”, expôs.

Quinta cultural

O projeto Quinta Cultural apresenta, na terceira quinta-feira de cada mês, atrações gratuitas, abertas ao público em geral. A realização é uma parceria da Diretoria de Ação Cultural da UFMG (DAC), Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e unidades do campus Saúde.