Estudante escreve artigo durante intercâmbio na Rússia
12 de maio de 2017

Railway Hospital – Chelyabinsk – Foto: arquivo pessoal/ Yuri Machado
Jayne Ribeiro*
O aluno de medicina do 8° período da Faculdade de Medicina da UFMG, Yuri Machado, participou de um estágio de quatro semanas na cidade de Chelyabinsk, na Rússia, entre janeiro e fevereiro desse ano. Durante a sua estadia no país, o estudante escreveu um artigo, em russo, sobre a história da pediatria no Brasil.
O artigo, segundo Yuri, foi feito a pedido do Departamento de Pediatria da instituição em que estudou. Yuri afirma que a motivação do pedido se deu pela curiosidade dos professores russos quanto à estrutura da medicina pediátrica no Brasil. “O modelo de ensino na Rússia é diferente, lá eles têm a pediatria como um curso a parte. Existe um vestibular para medicina de adulto e outro para medicina de criança”, comenta. O artigo é um trabalho de revisão bibliográfica e contou com a participação da professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Valéria Rodrigues.

Equipe de cirurgia cardiotoráxica do Cardiologic Center – Chelyabinsk – Foto: arquivo pessoal/ Yuri Machado
O intercâmbio de estágio foi parte de um convênio da Faculdade com o International Federation of Medical Students’ Associations (Ifmsa), organização que promove estágios internacionais para estudantes de Medicina, em diversas áreas. A organização arca com os custos de hospedagem e de alimentação do aluno.
Saúde na Rússia
A Rússia foi escolhida por Yuri por ser um país que enfrenta problemas na área da saúde parecidos com os do Brasil. De acordo com o estudante, o principal aprendizado foi ver a forma que o país lida com a infecção pós-operatória, que têm índices baixos, diferente do Brasil. “A prevenção foi o aspecto que mais me chamou atenção. Os hospitais na Rússia se preocupam muito com a prevenção de infecções pós-operatórias. Mesmo usando métodos que têm uma maior chance de infecção, a taxa de infecção é de 0% a 5% ao ano, enquanto o Brasil tem um índice de 10% a 20% de infecção hospitalar no pós-operatório”, explica.
Ele destaca a estruturação das cidades na Rússia e a cultura preventiva do país, como um fator muito positivo. “Pessoalmente eu gostei muito da cultura, da logística das cidades. Fizemos um estudo dos acidentados de trauma de Chelyabinsk, que apontou um total de 21 casos de trauma em um ano e meio. Esse número equivale a apenas um dia do número de acidentados do hospital João XXIII, por exemplo. Isso mostra o quanto a cidade é mais preventiva e como culturalmente, por causa da questão climática, as pessoas andam mais protegidas lá”, argumenta.
Colaboração acadêmico-profissional
Yuri pretende ser cirurgião plástico e por isso, seu estágio foi direcionado ao campo de Cirurgião Geral. Ele relata que teve a possibilidade de passar pelas áreas de cirurgia cardiovascular, plástica e pela área de feridas crônicas. Mas, para ele, o mais gratificante do intercâmbio foi a oportunidade de comparar modelos diversos de formação médica. “A possibilidade de interlocução entre diferentes países é muito importante para podermos fazer algumas análises e, assim, escolhermos o que é melhor para o nosso país”, ressalta.
Na UFMG
O estudante de medicina é vice-coordenador do Diretório Científico, criado no final do ano passado, como ramificação do Diretório Acadêmico Alfredo Balena, do curso de Medicina da Faculdade. Desde que voltou de seu intercâmbio, Yuri, junto a outros alunos do Diretório, têm buscado promover workshops internacionais com o intuito de promover a internacionalização na Faculdade. “A nossa proposta, é aumentar o número de estágios e trabalhos internacionais, transformar a Faculdade de Medicina da UFMG em referência para o mundo. Acredito que estamos no caminho certo”, afirma.
No dia 22 de abril, Yuri publicou o livro “Suturas”, no Congresso Minas Brasil de Cirurgia Geral. A obra é uma parceria dos alunos da Liga Acadêmica de Feridas da Faculdade de Medicina da UFMG, presidida por Yuri na época de produção do livro, e da professora do Departamento de Cirurgia, Beatriz Deotti e Silva Rodrigues. O livro teve 700 cópias vendidas e tem como didática o ensino de técnicas de suturas para o público em geral.
Redação: Jayne Ribeiro – estagiária de jornalismo
Edição: Mariana Pires