Estudantes de medicina criam coletivo feminista na Faculdade


09 de março de 2015


Grupo promove Semana da Mulher, que inicia programação hoje.

Representantes do Coletivo em recepção de calourosA primeira médica a se formar na Faculdade de Medicina da UFMG, uma das primeiras eleitoras do Brasil que teve a vida marcada pelo feminismo, é a pessoa que dá nome ao Coletivo de Mulheres Alzira Reis. Iniciado em 2013 com debates sobre o tema e a luta em prol das mulheres por um grupo de estudantes de medicina, o Coletivo foi fundado no final do ano passado e tem ganhado cada vez mais força.

As integrantes explicam que apesar de existir outros coletivos feministas na UFMG, há a distância do campus Pampulha, que dificulta a comunicação. Ter um na própria instituição possibilita às meninas se sentirem mais acolhidas e seguras. “O grupo é, além de um espaço de empoderamento das mulheres, referência para todo tipo de abuso que ela vir a sofrer na Faculdade de Medicina. O objetivo é que as mulheres tenham a quem recorrer e não fiquem desamparadas”, explica a aluna Ana Laura Rabelo, do 9º período.

No grupo auto-organizado só mulheres participam, já que defendem a ideia do protagonismo feminino dentro do movimento. As reuniões são quinzenais e as pautas variadas. São debatidos temas como, por exemplo, a protagonização da mulher, homens e feminismo e violência nos trotes. Também são convidados participantes de outros coletivos e profissionais da área de Direito que ajudaram a esclarecer sobre leis e direitos.

Propostas do Coletivo
Quem deseja comunicar algum abuso ou informar mais sobre o tema e as ações do Coletivo pode procurar pessoalmente as integrantes ou a página no Facebook. “Não queremos ter o papel de polícia, mas sim acolher e dar o suporte para as vítimas, porque muitas vezes elas têm aquele medo hierárquico, dos colegas ou professores, e têm medo de denunciar”, afirma Rabelo. “Ou nas vezes que elas sentem culpa sendo que, na verdade, são vítimas de uma situação ocasionada por uma sociedade machista”, continua. Ela conta que querem continuar sem ter essa relação hierarquizada, ou seja, ser referência como aluna, colega ou amiga.

Além disso, o Coletivo espera se fortalecer para tornar uma referência natural, não imposta, e agregar mais mulheres. “É importante ser referência para que as meninas cheguem até nós para fazer denúncias ou se juntar ao movimento. Mas o objetivo maior é que não exista mais esse tipo de abuso”, aponta Julia Basso do 6º período. Em continuidade, ela ressalta que o sentimento de impunidade, o silêncio, deboche e a culpabilização da vítima cria um ambiente muito favorável para que isso se repita.

Semana da Mulher
O Coletivo de Mulheres Alzira Reis irá promover uma semana de ações com o tema voltado ao Dia da Mulher, no Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB). No primeiro dia, 9 de março, a programação conta com a participação de uma professora da Faculdade de Direito da UFMG para falar sobre o viés jurídico em relação às recentes mudanças nas leis trabalhistas para a mulher. O tema do segundo dia será Saúde da Mulher e vai pautar o aborto, parto humanizado, violência obstétrica e empoderamento da mulher. Na quarta-feira, será abordada a violência sexual. Na quinta, haverá um encontro com os coletivos da Universidade e de fora para a troca de experiências. Para finalizar, a sexta será um fim de tarde com uma charanga feminista para tocar e outro grupo que promoverá um sarau.

 I SEMANA DA MULHER

Programação:
SEGUNDA-FEIRA (9/03):
Mulher Trabalhadora e as Mudanças nas Leis Trabalhistas
Palestrante: Daniela Muradas
19h

TERÇA-FEIRA (10/03):
Aborto e Violência Obstétrica
Palestrantes: Alessandra Chachan e Sônia Lansky
18h

QUARTA-FEIRA (11/03):
Violência Sexual
Palestrante: Marilene Monteiro do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia
Horário: 18h

QUINTA-FEIRA (12/03):
Encontro e Roda de Conversa dos Coletivos Feministas no DAAB
Horário: 19h

SEXTA-FEIRA (13/03):
Fim de Tarde das Mina no DAAB
Horário: 18h

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