Estudantes organizam primeira Parada do Orgulho LGBT na UFMG


23 de junho de 2017


A primeira Parada do Orgulho LGBT da UFMG será realizada na terça-feira, 27 de junho. A iniciativa, idealizada por estudantes, inclui debate na Praça de Serviços, a partir das 13h, que discutirá a LGBTfobia nos campi, seguida de passeata pela avenida Mendes Pimentel, a principal do campus Pampulha. O evento será encerrado no Bosque da Música com uma gaymada, espetáculo performativo que chama atenção para discussões sobre diversidade sexual e a identidade de gênero por meio do tradicional jogo de queimada.

De acordo com estudante Gustavo Ribeiro, do curso de Direito e um dos organizadores da Parada, as atividades pretendem dar visibilidade à comunidade LGBT da Universidade. “O objetivo é mostrar a existência e resistência desses grupos e mobilizá-los a comparecer na audiência pública que será realizada no dia seguinte, 28, na Assembleia Legislativa”, explica. O estudante lembra que há apenas uma lei referente a direitos LGBT em âmbito estadual e quatro projetos de lei que estão parados na Casa desde 2015.

Ainda segundo Ribeiro, que participa da Frente Autônoma LGBT de Belo Horizonte, a UFMG vem avançando nas discussões acadêmicas sobre gênero e sexualidade por meio dos grupos de estudo, pesquisa, extensão, além das dissertações e teses de mestrado e doutorado que têm sido defendidas, inclusive, em cursos mais tradicionais, como Direito e Medicina. Entretanto, ele acredita que faltam políticas de ações afirmativas mais direcionadas a grupos LGBTs. “Há estudantes da UFMG que foram expulsos de casa por LGBTfobia e não recebem amparo. E também há casos de violência no campus que não foram devidamente formalizados”, destaca.

Cultura de direitos humanos
A primeira edição da Parada LGBT na Universidade é apoiada pela Rede Direitos Humanos UFMG, formada por núcleos e grupos de extensão, ensino e pesquisa, sob a coordenação da Pró-reitoria de Extensão, e pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis. “Estamos trabalhando no sentido de fortalecer a cultura dos Direitos Humanos na Instituição. E esse trabalho deve se dar em intenso diálogo com movimentos sociais, coletivos e organizações que tem arduamente atuado para que esses direitos se concretizem”, afirma a pró-reitora adjunta de Extensão Cláudia Mayorga.

Segundo ela, a UFMG, nos últimos anos, tem avançado em resoluções para promoção e proteção dos direitos humanos. “Mas é fundamental continuarmos trabalhando para que essas normativas se tornem vida cotidiana”, diz a pró-reitora.

Um exemplo desses avanços é a resolução que garante a docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes, cujo nome de registro civil não reflita sua identidade de gênero, o direito de incluir seu nome social nos registros, documentos e atos da vida funcional acadêmica.

Outra decisão que alcança as demandas do movimento LGBT é a Formação Transversal em Direitos Humanos. Ofertadas desde o primeiro semestre de 2017, suas disciplinas abordam os fundamentos históricos dos direitos humanos, como eles são implantados no Brasil, a relação com as políticas públicas e os instrumentos de proteção e organização das lutas dos movimentos sociais.

O grupo de extensão Diverso, da Faculdade de Direito, foi um dos idealizadores da formação. Integrante do grupo, Gustavo Ribeiro explica que a iniciativa surgiu em meio ao grave cenário de desrespeito aos direitos da comunidade LGBT no Brasil. “O Brasil é o país onde mais se matam travestis e transexuais no mundo”, diz o estudante. Ele acredita que as disciplinas dão visibilidade a causas como a feminista e contra o racismo, mas considera necessária a adoção de conteúdos mais específicos do campo dos estudos de gênero e sexualidade.

Redação: Cedecom/UFMG