Estudo global destaca perfil epidemiológico da Doença de Chagas
19 de novembro de 2025 - CArga Global de doenças, colaboração cientifica, doença de Chagas, infecção crônica

Um artigo publicado recentemente na renomada revista The Lancet Infectious Diseases traz um quadro sobre a atual carga global da Doença de Chagas e revela importantes transformações no perfil epidemiológico da enfermidade. O estudo é uma colaboração da UFMG, com os professores do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG Bruno Ramos Nascimento e Antônio Ribeiro, em colaboração com o Institute for Health Metrics and Evaluation em Seattle.
Segundo os dados apresentados, cerca de 10,5 milhões de pessoas ainda vivem com a infecção pelo Trypanosoma cruzi, parasita causador da Doença de Chagas. Apesar do número expressivo, o estudo aponta uma prevalência da doença de chagas na América Latina, possivelmente como uma consequência das melhorias socioeconômicas, sócio demográficos, de moradia, controle do vetor e também as medidas de saúde pública e que acabaram reduzindo a prevalência de 1990 para os dias atuais.
Outro dado revelado pelo estudo é a mudança no perfil das pessoas afetadas pela doença, pois, agora está sendo observado com mais frequência em pessoas idosas, que conviveram ao longo da vida com a doença de Chagas, especialmente com a sua forma cardíaca. “Isso chama a atenção para a necessidade dos sistemas de saúde se prepararem para cuidar desses pacientes. Uma vez que demandam cuidado cardiovascular, com medicamentos, consultas, dispositivos, marca-passos e também cuidado com a forma digestiva da doença”, destaca o professor Bruno.
Em contrapartida, os pesquisadores identificaram um crescimento preocupante da prevalência da doença em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Espanha e outras nações europeias. Segundo o professor Bruno, o aumento está relacionado à migração de populações latino-americanas que já conviviam com a infecção crônica antes de se estabelecerem nesses territórios. “A informação agrega para esses países, tenham atenção na necessidade de um cuidado maior, do rastreamento, de conhecer a sorologia da doença e ofertar cuidados para esses grupos de latino-americanos, que são os grupos de alto risco para doenças endêmicas”, afirma.
O professor Bruno Nascimento, ainda ressalta a importância da colaboração científica internacional para o avanço do conhecimento sobre a doença. Além de destacar o papel do grupo RAISE (The Burden of Chagas Disease in the Contemporary World), coordenado internacionalmente pelo professor Antonio Ribeiro, como peça-chave na atualização de dados e na articulação de redes de pesquisa dedicadas ao enfrentamento da Doença de Chagas.
O artigo completo pode ser acessado em:
Global burden of Chagas disease, 2023 – The Lancet Infectious Diseases
Saiba mais sobre o grupo RAISE:
RAISE – PubMed