Estudo revela causas de acidentes de trânsito em Belo Horizonte

Programa de rádio discute a pesquisa e os reflexos do trânsito no bem-estar da população.


24 de abril de 2015


Conhecimento dos fatores é base para prevenção. Programa de rádio discute a pesquisa e os reflexos do trânsito no bem-estar da população

saudecomcienciaPessoas do sexo masculino participam mais dos acidentes de trânsito – eles somam 76% dos envolvidos, sendo vítimas ou agressores. Foi o que revelou uma pesquisa defendida junto ao Programa de Pós-Graduação da Promoção da Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina da UFMG, em que foram analisados 668 acidentes registrados pela Equipe de Vistoria de Acidentes de Trânsito (Evat) da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans).

A Evat tem como objetivo identificar as causas dos acidentes, fazendo uma leitura de fatores como as condições da sinalização e do clima dos locais. Atualmente, a equipe vistoria 2% dos acidentes com vítimas em Belo Horizonte. “Mesmo parecendo pequeno, essa pesquisa faz diferença, porque isso não é feito no Brasil”, explica o autor, Ronaro de Andrade Ferreira.

Ferreira conta que, no país, as estatísticas mostram o número de acidentes e suas consequências, como características das pessoas internadas ou lesões mais frequentes, mas são poucas as pesquisas sobre as causas. “Obtemos grande parte dos dados através dos boletins de ocorrência, mas, quando o motorista ou o pedestre o preenchem, não conseguem fazer uma leitura real do motivo do acidente”, expõe.

Dos dados analisados, 551 dos acidentes envolviam motocicletas e 173 eram atropelamentos. Em 82,4% deles, os condutores eram homens e, em 20% das situações, o acidente ocorreu por falta de atenção do motorista. “O condutor está no trânsito, mas a cabeça dele está em outro lugar. Precisamos convencê-lo de que o trânsito deve ser seu foco principal naquele momento”, opina o pesquisador.

Crédito: O Tempo online

Crédito: O Tempo online

Resultados

Travessia de pedestres em local impróprio, pouca distância entre os veículos e desrespeito à velocidade máxima permitida foram alguns dos fatores causais percebidos no estudo. E, raramente, um único elemento leva ao acidente. “As causas normalmente aparecem juntas, como quando um envolvido avança o semáforo e, ao mesmo tempo, o outro estava alcoolizado”, exemplifica o autor.

Acidentes por condições das vias e do clima também foram avaliados. Contrapondo a ideia de que mais casos acontecem quando chove, pela superfície molhada diminuir o atrito e a visibilidade dos condutores, em 94,2% dos eventos o pavimento estava seco, e somente em 1,8% o pavimento estava “ruim” ou irregular.

Ronaro Ferreira reforça que identificar as razões dos acidentes é fundamental. “A construção de um banco de dados com estas informações pode ser de grande valor para compreensão do problema e definição de estratégias de enfrentamento”.

Para ele, é possível, por exemplo, fazer campanhas educativas direcionadas ao público principal. ”Mais da metade dos atropelamentos está ligada a um comportamento inadequado do pedestre, não do motorista. Então, além das campanhas aos motoristas, é preciso ensinar o pedestre de BH a atravessar a rua com segurança”, argumenta.

Tema da semana

Além das causas dos acidentes, a Lei Seca, os primeiros socorros e as condições de saúde e trabalho dos envolvidos no trânsito são destaques da nova série “Saúde no Trânsito”. Confira a programação:

Lei Seca – segunda-feira (27/04/2015)

Causas dos acidentes de trânsito em BH – terça-feira (28/04/2015)

Primeiros socorros no trânsito – quarta-feira (29/04/2015)

Estresse no trânsito – quinta-feira (30/04/2015)

Violência contra profissionais do transporte urbano – sexta-feira (01/05/2015)

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.

Ele também é veiculado em outras 100 emissoras de rádio, que envolvem as macrorregiões de Minas Gerais e os seguintes estados: Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.