Evento convida sociedade a participar da reinclusão de pessoas com esquizofrenia


18 de maio de 2018


Debate tem objetivo de conscientizar sobre a doença e refletir sobre o papel de cada pessoa no prognóstico do paciente

Na próxima quinta-feira, 24 de maio, o Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade e Saúde (Naves) da UFMG promove um fórum de discussões, com especialistas de diversas áreas, para marcar o Dia de conscientização do paciente com esquizofrenia. O evento, aberto ao público, será realizado a partir das 19h, na sala 224 da Faculdade de Medicina da UFMG. Não é necessário fazer inscrição prévia.

Com o tema “o que podemos fazer?”, o debate contará com a participação de advogado, pesquisadores, psiquiatras, assistentes sociais, uma pessoa com esquizofrenia em reabilitação e um familiar para debater sobre a doença, as formas de tratamento, mas, principalmente, o papel de cada um em desmitificar o problema e contribuir com a reinclusão dos pacientes.

“A reabilitação da esquizofrenia comprovadamente tem um conjunto de elementos, sendo os  principais a reinclusão na sociedade e a retomada ao trabalho. Esses são os pilares que consideramos o futuro da pessoa com esquizofrenia”, afirma a médica e pesquisadora do Naves, Kelly Pereira. “O objetivo da reunião é justamente conscientizar a todos que esse indivíduo precisa retomar seu espaço na sociedade. Por isso a importância da participação de vários profissionais, familiares e pacientes”, continua.

Segundo Kelly, atualmente em Minas Gerais é feito o tratamento dos sintomas. “Mas a reinclusão na sociedade e a reabilitação não são discutidas, provavelmente pelo estigma. O objetivo para o futuro é que haja esquizofrênicos entre nós, que sejam colegas de trabalho e não só um paciente”, defende.

A esquizofrenia

De acordo com o psiquiatra e colaborador do Naves, Thiago Rodrigo, a esquizofrenia é uma doença crônica, grave, multifatorial, que atinge 42 milhões de pessoas no mundo. “Muitas vezes caracterizada por delírio ou alucinações, é comum ser muito estigmatizante. Então, dificilmente se pensa na questão de emprego para pessoas com esquizofrenia, ou que elas podem casar, por exemplo”, aponta.

“O grande problema não é a doença em si. Geralmente acham que ela leva a uma total incapacidade. Assim, os chefes podem pensar que a pessoa com esquizofrenia não tem mais a capacidade de executar o serviço, por exemplo”, explica Kelly. Mas, ela argumenta que, por ser uma doença multiforme, com vários tipos de manifestações, não necessariamente gera incapacidade. “Além disso, quando existe a reabilitação, a taxa de incapacidade é bem menor do que se espera”, comenta.

Programação para um debate nacional

Clique para ampliar a programação do evento na Faculdade de Medicina da UFMG.

O evento na Faculdade de Medicina da UFMG faz parte de um movimento nacional que ocorre pela primeira vez no Brasil, com a iniciativa da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquiaofrenia (Abre) e do Programa de Esquizofrenia (PROESQ) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). (Clique e saiba mais sobre a iniciativa)

Thiago Ribeiro destaca que a programação irá discutir a importância do Dia da Esquizofrenia, a questão da psicose como um todo, direitos dos pacientes, os benefícios, a reabilitação e propor sobre o que cada um pode fazer para ajudar os pacientes e seus familiares.

Além de falar sobre tratamentos e reabilitação, Kelly conta que o evento também busca esclarecer a população sobre as medidas primárias, de prevenção do adoecimento, e de abordagem depois de diagnosticado. “Há medidas que, a princípio, podem reduzir o início da esquizofrenia. O uso de drogas, por exemplo, faz com que determinados indivíduos desenvolvam precocemente quando eles têm predisposição maior para a doença”, informa.