Ex-aluna da Faculdade de Medicina está na lista da Forbes 30 under 30 da Europa


16 de abril de 2021 - , , , , , ,


Mariane Melo, formada na Faculdade de Medicina da UFMG está na lista da Forbes 30 under 30 na Science and Healthcare Europe.  Arquivo Pessoal.

Anualmente, repórteres da Forbes examinam milhares de indicações de jovens com menos de 30 anos de idade que se destacaram em suas trajetórias profissionais. Usando uma série de critérios e métricas, selecionam 300 nomes, de acordo com 10 categorias. E neste ano, a edição da Forbes da Europa reconheceu uma médica formada na Faculdade de Medicina da UFMG: Mariane Melo, da turma 146, está na lista da Forbes 30 under 30, na categoria Science and Healthcare

“Estou muito feliz por ser sido selecionada, mas confesso que ainda estou um pouco chocada. Eles recebem milhares de inscrições e estar entre os 30 melhores da Europa é uma grande honra”, afirma Mariane.

“Estou muito honrada e espero que sirva de inspiração para outras pessoas, já que o meu perfil não é o que normalmente entra para a lista. Menos de 30% da lista são mulheres e só há 10 imigrantes de fora da Europa”

A Faculdade de Medicina da UFMG foi crucial para eu chegar onde eu estou hoje

Mariane conta que o primeiro passo que deu na área de inovação e quando passou a enxergar essa como uma possível carreira foi durante sua mobilidade acadêmica pelo Ciências Sem Fronteiras, na University East London, em Londres. Ela teve a oportunidade de trabalhar na startup Dem Dx e tornar-se cofundadora de um aplicativo com o mesmo nome.

O Dem Dx é uma plataforma de raciocínio clínico que usa inteligência artificial para ajudar profissionais de saúde da linha de frente a diagnosticar, solicitar investigações e fazer recomendações de cuidados. O objetivo é tornar o diagnóstico melhor, mais seguro e mais rápido.

“Estudar no exterior mudou o rumo da minha vida, e isso não teria acontecido sem a bolsa do Ciências Sem Fronteiras”, destaca Mariane.  “Quando eu voltei, a Faculdade continuou me apoiando nessa escolha não convencional de carreira médica. Participei de vários eventos de inovação internacionais e a Faculdade sempre me apoiou com as aulas perdidas e, muitas vezes, a buscar financiamento de várias fontes para possibilitar a minha participação”, continua. 

“Além disso, como parte do meu projeto de pesquisa com o professor Frederico Garcia e a professora Maila de Castro, nós fundamos a Pharmaview com o intuito de arrecadar fundos para o desenvolvimento de uma vacina para o tratamento do vício em cocaína. Nesse processo fomos selecionados para um acelerador de empresas, o que me deu as bases de empreendedorismo”, informa a ex-aluna.

“O que eu queria deixar para os estudantes de Medicina é que mesmo que seu sonho pareça muito longe de alcançar, você tem que tentar. Seja proativo e faça as oportunidades acontecerem sem medo de receber um não” 

A seleção

Captura de tela do site da Forbes. Clique aqui para ver o perfil da Mariane.

De acordo com Mariane Melo, o processo de seleção é simples. A Forbes recebe as nomeações no ano anterior, sendo possível se autonomear ou ser indicada. No caso dela, a CEO do Dem Dx quem fez a indicação, justificando porque deveria ser nomeada para a premiação. 

Em janeiro deste ano, ela recebeu o aviso por e-mail de ter sido pré-selecionada, preencheu um formulário com uma biografia de 200 palavras, além de outras perguntas sobre sua personalidade e ambições. Então uma repórter da Forbes entrou em contato para confirmar as informações e, uma semana depois, recebeu a notícia que tinha sido escolhida. 

Dem Dx

Em 2017, ainda estudante de Medicina na UFMG, Mariane foi selecionada para apresentar no Congresso Mundial de Neurocirurgia um dos seus trabalhos desenvolvidos durante o estágio na King’s College Hospital e Evelina Children’s Hospital, hospitais constituintes da universidade King’s College of London. Ela contou sobre o desenvolvimento do Dem Dx e a arrecadação online que estava fazendo para conseguir arcar com os custos da viagem para o Congresso (leia aqui).

Desde então, o aplicativo passou por algumas melhorias. “Implementamos inteligência artificial nos algoritmos e agora o nosso foco é em melhorar a eficiência dos sistemas de saúde, dando mais autonomia para a equipe multidisciplinar na primeira parte do diagnostico”, comenta. “A ideia é que, com a ajuda da plataforma, uma enfermeira faria a primeira parte do diagnóstico e encaminharia o paciente para o lugar mais apropriado”, explica.

Segundo a cofundadora, o Moorfield’s Eye Hospital, um dos maiores hospitais oftalmológicos do mundo, está usando esse sistema de triagem na emergência oftalmológica. Os enfermeiros pedem exames e fazem a parte inicial do manejo clinico, antes do paciente ir ao médico.

“Estudos iniciais mostraram que isso reduziu o tempo de espera do paciente e libera o tempo do médico para casos mais complexos. Recebemos o investimento de £ 1.1 milhões do governo da Inglaterra para desenvolver mais a nossa inteligência artificial e fazer os estudos clínicos regulatórios necessários”

Finaliza Mariane Melo