Experiência positiva no controle da toxoplasmose congênita em Três Corações


18 de maio de 2017


Anotação dos dados da gestante antes da coleta (Clínica da Mulher, Três Corações). Foto: Rafaella Arruda.

Há quatro anos, as gestantes atendidas pela Clínica da Mulher, serviço que centraliza o pré-natal no município de Três Corações (MG), participam do Programa de Controle da Toxoplasmose Congênita de Minas Gerais (PCTC-MG).

A iniciativa, criada em 2013 pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e executada pelo Nupad da Faculdade de Medicina da UFMG, garante às gestantes de todo o estado a realização gratuita dos exames necessários para a prevenção e o diagnóstico da toxoplasmose aguda na gestação. A infecção que, no adulto, evolui geralmente sem causar sintomas, pode provocar sérios danos ao bebê quando transmitida pela mãe na gestação, sendo denominada, neste caso, toxoplasmose congênita.

Cristiane Aparecida é uma das mais de 2.300 gestantes triadas no município a partir do PCTC-MG. Ela está no final de sua quinta gestação e compareceu à Clínica da Mulher, no início de abril, para fazer a quarta e última coleta de sangue para o controle da toxoplasmose. Como os primeiros resultados do pré-natal indicaram que Cristiane não havia adquirido a toxoplasmose, sendo, portanto, suscetível à infecção, os exames precisaram ser repetidos ao longo de toda a gravidez e a gestante orientada sobre como evitar a exposição às fontes mais comuns de infecção a partir de bons hábitos de higiene pessoal e alimentar. “O importante é descobrir se tem alguma coisa, né? Porque a gente não sabe. A gente previne, mas ter certeza de que não tem nada, só fazendo exame mesmo”, afirma a gestante.

Arte: CCS Faculdade de Medicina da UFMG. Gestante: Luana Muquem

Assim como Cristiane, mais da metade das mulheres triadas na Clínica da Mulher para a toxoplasmose foram identificadas como suscetíveis e orientadas a repetir a coleta. Ao todo, entre março de 2013, mês em que Três Corações se cadastrou no PCTC-MG, e abril de 2017, a unidade de saúde realizou mais de quatro mil exames, entre primeiras e novas amostras. Segundo a responsável técnica da Clínica, Luana Muquem, este é o cenário que apresenta a maior dificuldade para a equipe de enfermagem, pois muitas mulheres não entendem o porquê da repetição dos exames: “Falamos bem detalhado que é uma precaução, que a imunidade da gestante é baixa e se ela tiver contato com o parasito pode ter a doença”.

Para aumentar a adesão nesses casos, a estratégia usada pelo serviço de referência é fazer a primeira coleta da toxoplasmose no ato do cadastro da usuária para o pré-natal e anotar as datas para coletas posteriores no cartão espelho das gestantes, realizando-as no momento da pré-consulta durante as visitas seguintes. “É raro elas virem fora do dia da consulta. Então só damos baixa no cartão quando ela realiza a coleta, se não ela fica em atraso e o profissional vê no momento de atendê-la, assim fica difícil a gestante ‘escapar’ e não proceder à coleta”, explica Luana.

A enfermeira cita também que a mudança da Clínica para a região central da cidade, há cerca de um ano, favoreceu a adesão e o aumento no número de mulheres atendidas de forma geral: “Antes a adesão era menor, pois estávamos mais longe. Hoje os atendimentos aumentaram. Em relação às gestantes, 801 iniciaram o pré-natal em 2016. Este ano, de janeiro ao início de abril, já foram 226”.

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