Faculdade de Medicina detalha resultados do censo de população de rua de Belo Horizonte


09 de fevereiro de 2023


A população em situação de rua de Belo Horizonte quase triplicou na última década, chegando a 5.344 pessoas. Esse é um dos resultados do Censo Pop Rua 2022, realizado pela Faculdade de Medicina da UFMG, a pedido da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Os dados mostram que a grande maioria é formada por homens (84%) com média de idade de 42,5 anos, enquanto as mulheres representam 16% e têm em média 38,9 anos. Também foi destaque o aumento do tempo de vida em situação de rua da população, que era de 7,4 anos em 2013 e aumentou para 11 anos.

O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 21 de outubro e levou uma equipe de 300 pesquisadores para as nove regionais de BH. O objetivo foi levantar não só o número dessa população, mas o que a levou a viver dessa forma e quais as perspectivas de futuro. Foram ouvidas pessoas nas ruas, abrigos, restaurantes populares, praças e terrenos baldios, entre outros locais.

O professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, Frederico Garcia, coordenador da ação, observa que a população encontrada nas ruas coincide com os dados de usuários ativos de serviços da PBH, como os atendimentos de saúde e vacinação. “Essa coincidência funciona como um validador externo. Podemos dizer que o número de fato encontrado tem alto grau de certeza e está dentro da faixa esperada”, afirma.

Segundo o pesquisador, as informações qualitativas serão cruciais para adequação das políticas públicas. “Vale destacar o aumento do tempo médio de permanência nas ruas, o envelhecimento dessa população e o impacto dos problemas de saúde mental na constituição desse grupo. Precisamos observar esses pontos para agir de acordo com o Estatuto do Idoso e atuar na promoção de saúde e prevenção de transtornos mentais entre crianças e adolescentes”, defende.

Entre as 5.344 pessoas apontadas pelo Censo Pop, 2.507 responderam às perguntas dos pesquisadores. Deste total, 36,7% dos entrevistados relataram que foram para as ruas em razão de problemas familiares, seguido de uso de álcool e drogas (21,9%) e desemprego (18%). Entre aqueles que não responderam ao censo, as principais razões foram sinais de ebriedade ou intoxicação (20,96%) e recusa (19,44%).

Confira o texto completo no site da Faculdade de Medicina da UFMG.