Falta de higiene básica ameaça saúde

Mais da metade da população mundial não tem acesso a saneamento básico


01 de julho de 2019 - , ,


Imagem: Freepick

*Giovana Maldini

Segundo dados da nova pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 1 em cada 3 pessoas no mundo não têm acesso à água potável. Com a falta desse recurso, importante para os cuidados com o corpo e o ambiente, o contágio de doenças pode ser facilitado. Entre elas, estão as infecções de pele, hepatite e diarreias. Os diferentes tipos de higiene e seus cuidados no dia a dia são temas do Saúde com Ciência desta semana.

O professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, Marcos Vinícius Polignano, explica que a ausência de hábitos de higiene pode causar diversas patologias. “No caso pessoal, se você não cuida bem da saúde oral, por exemplo, para a remoção de restos de alimentos, você pode ter cáries, gengivites, infecções dentárias, abscessos… No caso da falta de cuidado corporal, você pode ter infecções de pele, furúnculo, abscessos, dermatites, dentre outras”, exemplifica.  

O tratamento de água e esgoto é um cuidado de higiene coletiva. Quando não é realizado, algumas doenças infecciosas podem surgir, como diarreia, hepatite e gastroenterite. “Tem uma série de agentes que provocam quadros de diarreia e que são por contaminação ambiental”, complementa o professor. As crianças são consideradas mais vulneráveis ao ambiente e, consequentemente, às contaminações provocadas por ele. Isso porque elas costumam explorar o ambiente ao tocar objetos ou enquanto engatinham, por exemplo.

Higiene alimentar

A falta de água tratada compromete, também, a higiene alimentar. A professora de nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG, Simone Cardoso, explica que esse conceito se refere ao “contexto da qualidade daquilo que a gente come, numa perspectiva sanitária”. De acordo com ela, a higiene alimentar é importante como uma medida para prevenir enfermidades que são transmitidas por alimentos contaminados.

Para evitar a contaminação, lavar bem os alimentos é um cuidado essencial, o que só é possível quando a água é tratada. Outro hábito importante é lavar as mãos antes de consumir os alimentos.  No entanto, segundo dados da OMS e da Unicef, cerca de 3 bilhões de pessoas não têm instalações adequadas para isso.

A ausência desse recurso básico pode provocar a febre tifoide, uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Salmonella typhi. Essa bactéria é encontrada somente no intestino de humanos. “Se uma pessoa for portadora dessa bactéria assintomática e esse agente chegar até o alimento, via fecal-oral (não precisa ter vestígios de fezes), ela invade o intestino, cai na corrente sanguínea e causa infecções, não só intestinais, mas extraintestinais graves, como a hepatite”, explica.

Cuidados com o ambiente

No âmbito coletivo, outras precauções devem ser tomadas, como retirar lixo de ambientes, bem como limpá-los com frequência e mantê-los ventilados. O professor Marcus Vinícius Polignano reforça que a higiene é um compromisso de todos: tanto dos cidadãos quanto do poder público. No entanto, ele reforça que o Estado deve garantir cuidados básicos com a higiene coletiva. “A gente deve exigir do poder público, seja da prefeitura, do estado ou das empresas de saneamento, que, efetivamente, naquela região em que a gente mora, não se tenha acúmulo de lixo, nem água de má qualidade. O esgoto deve ser tratado e os córregos limpos”, ressalta.

Além dos cuidados com o ambiente, para manter a higiene em dia, alguns hábitos devem ser aplicados. Entre eles, lavar as mãos com frequência, principalmente após utilizar o banheiro, tomar banho todos os dias e escovar os dentes após as refeições.

Sobre o programa de rádio

Impressão

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.


*Giovana Maldini  – estagiária de Jornalismo

Edição: Karla Scarmigliat