Febre amarela: entenda a possibilidade de retorno ao meio urbano

Saúde com Ciência reapresenta série dedicada ao surto de febre amarela


22 de janeiro de 2018


Saúde com Ciência reapresenta série dedicada ao surto de febre amarela em alguns estados brasileiros

Bruna Leles*

Os primeiros casos de febre amarela no país datam do distante ano de 1685, em Pernambuco. A doença foi importante no território brasileiro por quase duzentos anos, até ser devidamente controlada por meio de campanhas de vacinação. O último caso no meio urbano aconteceu no Acre, em 1942. O ano passado, porém, começou trazendo os maiores índices recentes da doença em áreas silvestres, principalmente nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, ligando o alerta para o risco de a febre amarela ressurgir nos centros urbanos.

“O que está acontecendo agora é o contato do homem com a região silvestre, onde a febre amarela está ocorrendo um pouco mais intensa”, disse, em entrevista no ano passado, o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Dirceu Greco. Em 2018, foram notificadas, até o último dia 17, mais de 150 ocorrências e 22 óbitos prováveis pela doença somente em Minas Gerais.

Existe a possibilidade de o vírus voltar a circular nas áreas urbanas devido à presença nesses ambientes do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, além da febre amarela. Para o infectologista, a “culpa” não é do mosquito, mas das pessoas que não se imunizam e se deslocam para as áreas de risco. “O risco é essa volta. Volta para a cidade com a infecção. Nas cidades, existe esse vetor que também pode transmitir a febre amarela”, ressalta Greco.

A melhor forma de combater o avanço da doença é por meio da prevenção vacinal. “Vacinar a população interrompe o surto”, garante o especialista. Ele explica que quanto maior for o índice de pessoas que vivem em áreas de risco vacinadas, menores são as chances de surtos. “Se isso acontecer, a tendência é que estabilize, porque as pessoas infectadas já têm o vírus e as pessoas suscetíveis estão imunizadas”, completa.

A vacina está disponível no calendário vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS) para indivíduos de nove meses a 59 anos de idade. Em situação de emergência desde o último dia 12, o que permite compras e contratações de pessoas sem licitação, Minas Gerais ainda tem uma cobertura vacinal considerada baixa. Foram enviadas mais de 667 mil doses para as regiões mais preocupantes, outras 450 mil devem chegar no estado até a próxima quarta-feira e mais um milhão de vacinas foram pedidas para o Ministério da Saúde (MS). Para as pessoas que não tiverem acesso à vacina, Dirceu Greco indica evitar os vetores, caso do inseto Haemagogus em áreas rurais, com o uso de repelentes e telas nas janelas.

Vacina: nova recomendação

Desde abril de 2017, a orientação do MS, que segue recomendação da Organização Mundial da Saúde, é que a dose única da vacina contra febre amarela possibilita a imunização por toda a vida. Ou seja, não há necessidade de tomar uma dose de reforço. Para quem vai se deslocar a áreas de risco de transmissão do vírus, deve-se vacinar dez dias antes, tempo necessário para desenvolver os anticorpos.

Crianças com menos de nove meses, indivíduos com histórico de reação anafilática a substâncias presentes na vacina, submetidos a transplantes de órgãos ou infectados pelo HIV com imunossupressão grave, dentre outros grupos, não devem ser imunizados. Gestantes e mulheres que estão amamentando crianças menores de seis meses só devem se vacinar se forem deslocar para locais com transmissão ativa da doença. Já pessoas acima dos 60 anos devem passar pela avaliação de um profissional da saúde.

Leia também: Casos de febre amarela tendem a diminuir no país

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

*Redação: Bruna Leles – estagiária de Jornalismo | Edição: Lucas Rodrigues