Feira de Natal do Projeto Para Elas acontece nesta quarta-feira

Grupo de apoio e geração de renda para mulheres vítimas de violência doméstica foi criado há 11 anos pela professora Elza Machado


04 de dezembro de 2023


Foto: Arquivo / Faculdade de Medicina da UFMG

Na próxima quarta-feira, 6 de dezembro, acontece mais uma edição do bazar de artesanato e bijuterias do Para Elas, às 08h, na entrada da Faculdade de Medicina da UFMG. O projeto promove atenção em saúde, geração de renda e superação do ciclo de violência doméstica para mulheres. O grupo oferece oficinas de restauração de bijuterias, além de organizar feiras na faculdade e em Belo Horizonte, em parceria com o poder público.

O Para Elas foi criado há doze anos pela professora Elza Machado, que faleceu em maio deste ano, referência em saúde da mulher. Atualmente, é coordenado pela professora Marília Faleiro Malaguth Mendonça, do Departamento de Medicina Preventiva e Social (MPS), e Lauriza Maria Nunes Pinto, pesquisadora do Núcleo de Promoção de Saúde e Paz do MPS. 

“A feira de Natal é uma oportunidade de confraternização dessa rede de mulheres e de geração de renda para arrecadar mais recursos para o projeto e, principalmente, para as mulheres”, explica a professora Marília.

O projeto recebe doações de roupas e bijuterias e material como linhas, agulhas e miçangas, que podem ser entregues por qualquer pessoa (da comunidade universitária ou não) na caixa “Doe Sua Bijou”, na entrada da Faculdade de Medicina (Av. Professor Alfredo Balena, nº 190 – Centro).

Além dos eventos na universidade, as integrantes do grupo realizam bazares autônomos nas regionais de Belo Horizonte, e no projeto participa do BH + Feliz, iniciativa da Prefeitura de Belo Horizonte. Outra parceria importante é com a Secretaria de Segurança e Prevenção, para a capacitação de integrantes da Guarda Municipal para o atendimento a mulheres em situação de violência doméstica.

Ao longo dos últimos anos, mais de mil mulheres já participaram das oficinas de restauração do Para Elas. O grupo também promove discussões sobre violência doméstica e de gênero e cuidado em saúde física e mental.

Cláudia Oliveira, integrante do projeto desde outubro do ano passado, conta que começou a participar do grupo por convite de uma amiga depois de sofrer violência doméstica. “Eu estava desnorteada, e acho que se ela não tivesse me chamado naquele dia eu estaria em casa até hoje”, diz. Desde o primeiro dia, ela relata que conversas com médicas e psicólogas foram muito importantes para o impacto do grupo em sua vida.

Ela já produzia cosméticos artesanais em casa, mas começou a se dedicar mais à atividade como um trabalho com o incentivo das outras mulheres do grupo. Ela sofre com artrite reumatóide e sua visão já foi impactada, dificultando o acesso ao mercado de trabalho. Hoje, ela vende perfumes e sabonetes tanto nas feiras da Faculdade quanto nos outros eventos em Belo Horizonte. “Desde então muitas pessoas que nem conhecem o Para Elas me convidam para outras feiras. Por isso eu incentivo outras amigas a participarem também.”

Camila celebra a comunidade e a rede de apoio do Para Elas – que não tem apenas vítimas de violência doméstica, mas também membros da Faculdade de Medicina e voluntárias. “Muitas mulheres acham que suas vidas acabaram porque se separaram, porque sofreram violência. Mas a gente chega aqui e muda tudo. E é importante que o projeto seja divulgado para que mais pessoas saibam disso.”