Fones de ouvido: como utilizar sem prejudicar a audição?

Especialista convidada do Saúde com Ciência alerta para os cuidados com o volume e tempo de exposição aos dispositivos


13 de março de 2023 - , , , ,


Os fones de ouvido se tornaram muito populares, principalmente no período de pandemia da Covid-19. Isso porque as aulas e trabalhos online, durante o isolamento social, exigiram que os dispositivos fossem usados com mais frequência.

Com a utilização frequente, é necessário tomar alguns cuidados, já que sons e músicas com volume alto pode prejudicar e até levar à perda da audição. Isso porque um som muito intenso pode levar à fadiga do músculo estapédio, responsável por contrair quando há um ruído forte para proteger as estruturas da orelha interna (local onde o som é codificado e começa a transmissão para o cérebro).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas, entre 12 e 35 anos, correm o risco de perder a audição por exposição prolongada e excessiva a música alta e outros sons recreativos.

Para evitar lesão auditiva, o ideal é escutar com uma intensidade de segurança, sem ultrapassar o nível médio do dispositivo. Em algumas situações, como em transportes públicos, o ruído externo pode atrapalhar a ouvir músicas ou podcats, e, consequentemente, fazer com que as pessoas aumentem mais o volume. Nesse caso, a recomendação é não se expor por mais de uma hora.

“Alguns fones já avisam o limite de segurança se você aumenta muito. Então, se estiver em um limite seguro, não tem problema”, afirma a professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Luciana Macedo, convidada do Saúde com Ciência desta semana.

O ouvido humano está habituado a ouvir sons com segurança até 80 decibéis. Acima disso, o som já é considerado intenso e, dependendo do tempo de exposição, pode levar a alguma alteração na audição.

Para se ter uma ideia, o volume de 80 decibéis é atingido, por exemplo, quando você está em um restaurante onde todos do local conversam ao mesmo tempo.  

A especialista ainda ressalta que alguns fones de ouvido isolam melhor o ruído externo e, por isso, o usuário não vai precisar aumentar tanto o volume para conseguir escutar em relação a outros tipos. É o caso dos supra-auriculares, que são colocados sobre a orelha.

“Fizeram muitos estudos para saber qual seria o melhor fone. O melhor é aquele que adapta à sua orelha e ao seu gosto. O que realmente é preciso tomar cuidado é com o tempo de uso e o volume”, ressalta a professora.

Higiene dos fones de ouvido

Além dos cuidados com a exposição aos ruídos intensos dos fones de ouvido, é necessário ficar atento à higiene dos dispositivos. No caso dos auriculares, por exemplo, a ausência de limpeza pode acumular cera no aparelho e bloquear a saída do som. E isso, muitas vezes, leva a pessoa a aumentar mais o volume para escutar com clareza.

“A orelha tem um mecanismo de defesa que é a produção de cera. E temos os cílios da orelha externa que vão expulsar essa cera. Então, se você usa o fone que vai ficar dentro do ouvido, esse colocar e tirar [o dispositivo] aumenta a produção de cera do ouvido”, explica a especialista Luciana Macedo.

A professora ainda ressalta que, se essa produção aumentar consideravelmente, é necessário ir ao médico para fazer uma limpeza. Segundo ela, a higienização dos aparelhos também é importante para evitar otites e outros problemas auditivos.

Para limpar, o ideal é usar álcool isopropílico, que é próprio para a higienizar aparelhos eletrônicos. “Se não tiver muita cera, pode só passar um papel e tirar o excesso. Alguns fones que colocam dentro do ouvido, você pode tirar a borrachinha, lavar com água e sabão e colocar de volta após seco”, indica.

Saúde com Ciência

O programa de rádio Saúde com Ciência desta semana explica como utilizar os fones de ouvido sem comprometer a saúde, o risco dos sons supercomprimidos e como prevenir possíveis perdas auditivas.

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.