Fórum discute racismo e propõe mudanças
04 de junho de 2014
Evento reuniu diferentes setores da sociedade para debater o tema

Mesa de abertura do evento (Crédito: Bruna Carvalho)
“O que preside a humanidade é a comunhão. Nós só seremos uma sociedade completa quando a diversidade for aceita e integrada, sem isso ela não evoluirá”. As palavras, referentes à filosofia ubuntu, foram citadas pelo coordenador acadêmico do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da UFMG (Nupad), Marcos Borato, durante a abertura do evento Racismo Institucional: Fórum de Debates – Educação e Saúde, realizado em Belo Horizonte, no dia 30 de maio.
A mensagem refletiu o objetivo do encontro: sensibilizar os participantes, por meio de palestras e oficinas, para o racismo institucional, manifestado em normas e práticas discriminatórias no cotidiano de trabalho, e capacitá-los para o atendimento humanizado a toda a sociedade. Estiveram em foco temas referentes ao racismo nos serviços de saúde e na atenção à pessoa com doença falciforme.
Promovida pelo Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob-MG), uma parceria entre Nupad e Fundação Hemominas, a atividade reuniu cerca de 100 convidados, entre profissionais que desenvolvem projetos no Centro e representantes da sociedade civil.
Desafio e expectativas
“Temos um grande desafio: o combate ao racismo, e é para todos, brancos e negros”, declarou a consultora da Política de Saúde Integral da População Negra do Ministério da Saúde, Daniela das Mercês, na mesa de abertura. Para a também representante do Ministério da Saúde, Maria Cândida Queiroz, a discussão proposta pelo evento é um primeiro passo: “Esse é um primeiro momento, mostra que se reconhece que o debate é necessário”.
Para a representante da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Social, Rosângela da Silva, o debate sobre o racismo, integrado à educação e saúde, é fundamental para construção e elaboração de políticas públicas mais assertivas, a partir da formação de redes. “As políticas devem ser construídas como está sendo feito aqui, com discussão em amplitude envolvendo poder público, sociedade civil e setores acadêmicos”, disse.
Para o secretário de Saúde da Prefeitura de Belo Horizonte, Fabiano Pimenta, é necessário um trabalho integrado para evoluir. “Sob a ótica da Secretaria e do SUS (Sistema Único de Saúde), nada mais importante que esse tema tendo em mente a equidade”, declarou. “Há avanços, mas ainda muito a percorrer, precisamos trabalhar o acesso, a prevenção e o tratamento adequado a toda a população”, concluiu o secretário.
“Não tem como falar da doença falciforme sem enfrentar e combater o racismo”, disse Maria Zenó, presidente da Associação de Pessoas com Doença falciforme e Talassemia do Estado de Minas Gerais (Dreminas) e da Federação Nacional das Associações de Pessoas com Doença Falciforme (Fenafal). Segundo dados da Dreminas, 95% das pessoas com doença falciforme em Minas Gerais são negras. “Vivenciamos e sentimos na pele o que é esse problema, e o controle social está aqui para propor mudanças”, declarou.
Leia sobre as palestras e oficinas realizadas no evento.
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Em breve, mais fotos do evento na galeria do Cehmob-MG.