Futuro pode reservar mais solidão à população idosa

Envelhecimento da população brasileira pode contribuir para institucionalização dos idosos. Reapresentação de rádio é dedicada à solidão


30 de dezembro de 2016


Envelhecimento da população brasileira pode contribuir para institucionalização dos idosos. Reapresentação do Saúde com Ciência é dedicada à solidão

ImpressãoAo alcançarem uma idade mais avançada, algumas pessoas não têm condições de levarem a vida de forma independente. Sem contar com os cuidados diários de familiares ou amigos, a pessoa idosa pode ser encaminhada a um asilo, onde tende a ficar solitária caso não seja visitada com frequência.

O aumento da expectativa de vida e a diminuição da taxa de natalidade são fatores associados ao envelhecimento da população, que podem contribuir para tornar esse cenário mais comum. Em pesquisa lançada no ano de 2015, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, entre 2004 e 2014, a média de filhos caiu de 2,14 para 1,74 por mulher, uma queda de mais de 18%. No mesmo período, chegou a 20% o número de casais que não têm filhos.

Para a psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Tatiana Mourão, se o idoso conta com uma família que cuida e é calorosa, a melhor opção é que ele fique em casa. Ela cita, no entanto, alguns motivos que levam os familiares a hospedarem os pais nesses abrigos: “Primeiro, a questão econômica. Hoje, fica pesado economicamente manter uma pessoa que esteja com a saúde comprometida em casa. Além disso, as pessoas precisam trabalhar e cuidar dos filhos”.

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Foto: Reprodução/Internet

Caso o idoso seja encaminhado ao asilo, Tatiana lembra que deve haver um controle rigoroso, inclusive do Estado, das condições oferecidas pela instituição, visando melhorar a qualidade de vida dele. “Uma ideia que acho interessante é a chamada Adoção do Idoso: para evitar a institucionalização, um idoso que tenha renda própria poderia ser ‘adotado’ por uma família”, comenta a professora. Ela acrescenta que esse processo, para ser efetivo, teria que ser apoiado pelo Governo e contar com uma rígida triagem a ser realizada por assistentes sociais.

Formas de superação

Uma forma de lidar com a solidão é a reintegração do indivíduo ao convívio social. Pensando no idoso, pode haver uma resistência deste acolhimento por parte dele mesmo, da família ou da sociedade. Para superar tal barreira, Tatiana Mourão destaca a existência de iniciativas coletivas. “Existem grupos de apoio que tentam reintegrar o idoso. É importante que esses indivíduos possam pertencer a um grupo, a uma comunidade onde se sintam amados e aceitos por ela”.

De acordo com a psiquiatra, estudos indicam outras possibilidades para amenizar os efeitos prejudiciais da solidão: a presença de animais de estimação ou mesmo cuidar de uma planta. A prática de exercícios na terceira idade também é fundamental, mas dentro dos limites de cada um. “Quem vai determinar isso é um médico ou fisioterapeuta, que podem ser encontrados no sistema público de saúde”, ressalta Tatiana. E para superar a saudade das pessoas que já se foram, a recomendação da especialista é buscar o foco nos bons momentos compartilhados, lembrando das “artes”, risos, brincadeiras, mantendo-as vivas mentalmente.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 180 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.