Gestações tardias podem contribuir para o desenvolvimento de síndromes cromossômicas nos bebês

Saiba por que se preocupar com a saúde reprodutiva é tão importante.


02 de maio de 2023 - , , ,


* Madu Mendonça

A quantidade de mulheres que foram mães após os 35 anos quase dobrou desde o início do século XXI, demonstrou uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz em 2022. As gestações que ocorrem entre os 35 e os 39 anos são consideradas tardias e podem gerar diversos riscos à saúde da mãe e do bebê, como alterações cromossômicas no feto. 

De acordo com a professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG e convidada do Saúde com Ciência, Márcia Mendonça Carneiro, a gravidez tardia pode estar atrelada a maiores chances de aborto e de aneuploidia, que é uma alteração cromossômica numérica e pode ser a responsável pela Síndrome de Down, por exemplo. Essas complicações durante a gestação também podem ocasionar alterações nos cromossomos sexuais, que desencadeiam problemas físicos e de desenvolvimento nas crianças afetadas. 

Além das possíveis complicações durante a gestação, mulheres após os 35 anos também têm mais dificuldade para engravidar. “Todos os estudos mostram uma redução da chance de gravidez após os 35 anos e uma piora depois dos 37. E se a mulher conseguir engravidar, é possível que ela tenha maiores complicações, como hipertensão, diabetes e trabalho de parto prematuro”, explicou. 

Por que cuidar da saúde reprodutiva? 

Diante do contexto social e trabalhista atual, muitas mulheres escolhem adiar a gravidez. Porém, a ginecologista lembra que para fazer isso, é preciso se programar com antecedência e procurar o auxílio de um médico. “Se você quer adiar uma gravidez, pense em congelar seus óvulos, faça uma avaliação médica. Mesmo que você não esteja pensando nisso agora, é importante se preparar, caso a mulher deseje ser mãe”, ressalta.  

Por isso, a saúde reprodutiva deve ser uma preocupação a longo prazo, já que uma gestação saudável deve ser precedida de cuidados tanto físicos quanto mentais no decorrer da vida. Uma boa alimentação, por exemplo, é essencial para a saúde reprodutiva e qualidade de vida de homens e mulheres. 

“Um homem ou uma mulher que deseja ter filhos, deve se preocupar com uma alimentação saudável; com a correção de hábitos, como no caso da obesidade; e deve ter um cuidado com as infecções sexualmente transmissíveis, que podem prejudicar a fertilidade” 

Professora Márcia Mendonça Carneiro

Por fim, a professora destacou que apesar dos possíveis suportes tecnológicos à gravidez, como o congelamento de óvulos ou a reprodução assistida, o sucesso da gestação não é totalmente garantido. Por essa razão, a saúde reprodutiva deve ser uma pauta de interesse para todos. 

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana vamos conversar sobre a saúde reprodutiva, entendendo mais sobre fertilidade, contracepção e gravidez tardia.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.

* Madu Mendonça – estagiária de Jornalismo

Edição: Alexandre Bueno