Gripe é coisa séria
02 de maio de 2019

Este é o último mês da campanha nacional de vacinação contra a gripe, que encerra as ações em 31 de maio, chamando a atenção sobre a seriedade dessa infecção causada pelo vírus influenza. Embora a minoria dos casos evoluam para a síndrome respiratória grave, que pode levar a morte, 55 óbitos já foram registradas neste ano, até março, segundo o Ministério da Saúde. O subtipo predominante foi o influenza A H1N1, responsável também por uma morte em Belo Horizonte.
Mas, a maior preocupação é com o período que ainda está por vir. O professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Unaí tupinambás, informa que o pico da transmissão é na época do outono e inverno. Uma das razões é temperatura mais baixa, o que leva as pessoas a ficarem em ambientes fechados, além do tempo mais seco.
“É mais do que pessoal. A cobertura vacinal ajuda a impedir a epidemia. Por isso a vacinação é uma questão de saúde pública. Inclusive está associada a diminuição das internações por pneumonia, explica
Unaí tupinambás”.
“Todo ano é prevista essa epidemia. Por isso a campanha inicia a tempo para que o corpo produza os anticorpos e esteja imunizado na época em que os casos aumentam, já que a vacina precisa de até duas semanas para ter eficácia, ou seja, para produzir os anticorpos”, explica Unaí. “Além disso, a campanha tem como alvo as pessoas mais vulneráveis aos casos mais graves da gripe. É importante que procurem os postos de saúde e recebam a vacina. Ela é ofertada gratuitamente pelo SUS e contra os vírus mais importantes dessa epidemia, como o H1N1 e H3N2, quem são a maioria, além do subtipo B”, continua.

O professor cita uma única contra indicação para tomar a vacina: quem tem alergia a proteína do ovo, o que é raro. “Lembrando que a vacina é segura e protege essas pessoas contra as formas mais graves da gripe. Não tem como causar a doença, já que é um vírus inativado. O que pode acontecer é a pessoa ter contato com outra já gripada antes do tempo necessário para produzir os anticorpos e acabar adoecendo”, ressalta. “Ou seja quanto mais precoce as pessoas tomarem a vacina, maior será a chance de proteção no outono e inverno”, destaca.
Além disso ele comenta que mesmo que a pessoa pertencente ao grupo alvo já tenha gripado recentemente, a vacina continua sendo indicada, por fazer a proteção contra diferentes vírus. Mas deve-se esperar o término dos sintomas. Já as que estão fora do grupo, podem procurar a vacina em serviços privados. “Fica a critério dessas pessoas tomarem ou não. É interessante porque protege daquele mal-estar da doença e, também, da forma grave”, pontua.
Prevenção
“Entre os primeiros cuidados necessários para prevenir é ter um estilo de vida saudável. Aqui eu reforço ter uma dieta adequada, fazer atividades físicas no ar livre e, sobre as pessoas que fumam, avaliarem parar de fumar”, orienta Unaí.
“Além disso, evitar ambientes fechados na medida do possível, hidratação oral frequente e sempre lavar as mãos. Porque o vírus pode ser transmitido pelo ar, mas também em um aperto de mãos após a pessoa coçar o nariz, por exemplo”, lembra. Por isso, também é importante não usar as mãos para tossir ou espirrar, mas sim a parte interna do braço, na área superior das mangas da roupa.

“Caso a pessoas já esteja gripada, procure a unidade básica de saúde e evite voltar ao trabalho durante os sintomas, para evitar a transmissão do vírus”, recomenda Unaí.
Sintomas e cuidados
Entre os sintomas da gripe estão mal-estar, coriza, dor de garganta, tosse e febre. “Ao aparecer os sintomas, procure a unidade básica de saúde (UBS) para que o profissional oriente sobre quais medidas devem ser tomadas, como repouso, remédio para dor e febre e a hidratação oral”, comenta o professor.
“Mas, também para alertar sobre os sinais de gravidade, como falta de ar e dor no peito. Nesses casos é necessário retornar a UBS ou procurar uma unidade de emergência do SUS, porque pode ser uma complicação da gripe, como a pneumonia, em que aumenta a possibilidade de morte”, completa.