Gripe Suína: sem dúvidas, sem pânico


27 de agosto de 2009


Na tarde de ontem, 26 de agosto, alunos, professores e funcionários da Faculdade de Medicina tiveram a oportunidade de esclarecer as suas dúvidas a respeito da gripe suína.

No Salão Nobre, o professor Ênio Roberto Pietra (CLM), se prontificou a esclarecer os mitos e verdades da nova gripe – a Influenza A, do subtipo H1N1.

O professor contou que o surgimento da nova gripe aconteceu no organismo do porco, a partir da recombinação genética de diferentes espécies virais. Segundo ele, existem diversas espécies de vírus, mas as combinações virais nocivas ao homem são apenas os subtipos H1N1, H2N2 e H3N2.

Ele explicou que a taxa de mortalidade da nova gripe ainda não atingiu a média de uma gripe normal, que é de 26 mil pessoas por ano, resultando em uma taxa de letalidade entre 0,35 e 0,45%. Neste ano, em Minas Gerais, por exemplo, foram confirmadas sete vítimas pela nova gripe, o que corresponde a uma taxa de letalidade de 0,25%. Diante destes dados, Ênio Pietra afirma que não é preciso ter pânico, mas os cuidados são necessários – até mesmo depois dos exemplos vivenciados por outros países recentemente.

Os tratamentos para a nova gripe são os mesmos de uma gripe normal: o paciente recebe os medicamentos e passa por restrições, no sentido de evitar a contaminação de outras pessoas. “A hidratação é uma medida eficaz de combate ao vírus, uma vez que ele é hidrofóbico. Isso também pode ser feito na vias aéreas por meio da vaporização, para os casos de problemas respiratórios”, esclareceu o professor.

Os antivirais utilizados para os casos confirmados da gripe suína são o Oseltamivir e o Zanamivir, que atualmente são distribuídos apenas pela rede pública de saúde. Ênio Pietra explicou que essa medida de retirar os medicamentos de circulação foi tomada para que o remédio não seja tomado indevidamente pela população. “Isto porque o vírus pode se tornar resistente ao medicamento e, em uma possível reemergência, não haveria como combatê-lo”, afirmou.

Como tratar doenças emergentes e reemergentes

Em seu artigo Infecções Emergentes e Reemergentes divulgado na Revista Médica de Minas Gerais, o professor Pietra explica o aparecimento de doenças emergentes, que são as novas doenças que ameaçam a humanidade; e das doenças reemergentes, que são as doenças que voltam a aparecer com maior força após um período de declínio, por resistência a droga. Este é o caso da Influenza A, que pode voltar a se manifestar de forma mais resistente daqui a algum tempo.

O artigo traz ainda maneiras que podem amenizar o impacto do aparecimento de doenças emergentes. Potencializar a comunicação e informação em saúde pública, utilizar corretamente as tecnologias no tratamento da doença, aplicação de políticas públicas para a utilização de antibióticos e buscar o equilíbrio com a natureza e com o próprio ser humano são algumas das citadas.

No dia a dia, basta que as pessoas continuem atentas aos cuidados básicos de prevenção da gripe, lavando bem as mãos, alimentando-se bem, e evitando o contato com multidões, principalmente em locais fechados.

História das doenças emergentes
O professor mostrou através do histórico de outras doenças infecciosas no mundo como a ação do ser humano tem afetado e acelerado o processo de evolução dos vírus.

Exemplos dessas doenças no Brasil são a cólera e a dengue. Segundo ele, o comportamento do homem em relação ao meio ambiente, alimentação, utilização dos recursos naturais, locomoção, industrialização e o comércio são alguns desses fatores.

O professor avalia também como os modelos econômicos atuais, provocando a exploração do trabalhador e gerando desigualdade e pobreza no mundo, deixam a população em uma situação de vulnerabilidade para o surgimento de novas doenças. “Enquanto o lucro e a produção do mercado tiverem mais importância do que o próprio ser humano, estaremos sujeitos ao surgimento de novas doenças”, completa.

Leia o artigo na íntegra.