H. pylori tem cepas agressivas associadas a úlceras e câncer gástrico
Saúde com Ciência investiga as principais formas de transmissão, diagnóstico e tratamento do H. pylori
06 de abril de 2018
Nova série do Saúde com Ciência investiga as principais formas de transmissão, diagnóstico e tratamento do H. pylori
Warlen Valadares*
Helicobacter pylori ou H. pylori é uma bactéria em forma de espiral que se aloja nas camadas mais profundas do muco do estômago. Cepas mais agressivas dessa bactéria associadas a fatores genéticos e ambientais podem causar quadros de gastrite e úlceras no estômago ou duodeno, porção inicial do intestino delgado, além de representar um fator de risco para o câncer gástrico. Na maioria dos casos, porém, a infecção por H. pylori é assintomática e não causa doenças.
De acordo com a gastroenterologista e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Maria do Carmo Passos, não é fácil determinar se o paciente está infectado pelas cepas produtoras de toxinas mais prejudiciais à mucosa gástrica. Por isso, a tendência é tratar todas as pessoas com diagnóstico de H. pylori, principalmente aquelas com histórico de câncer de estômago em parentes de primeiro grau.
Cerca de metade da população mundial está infectada pela bactéria. Estudos apontam que a transmissão do H. pylori pode ocorrer por meio do contato oral com água e alimentos contaminados, de modo que a taxa de prevalência é maior em regiões com tratamento de água e esgoto precário. Em países economicamente menos desenvolvidos, parcela considerável da população é contaminada pela bactéria ainda nas primeiras décadas de vida. Já na Europa e nos Estados Unidos, dentre outros países, as taxas de infecção tendem a aumentar de acordo com o avanço da idade.
O risco de transmissão entre familiares é alto mesmo em residências com boas condições de higiene, por exemplo, por meio do contato com vômito ou fezes do indivíduo contaminado. Segundo Maria do Carmo, existe a hipótese, ainda não comprovada, de que o H. pylori pode ser transmitido via saliva, mas já foram feitos testes em casais em que uma das pessoas tem a infecção e a outra não foi diagnosticada.
Tratamento
O tratamento do H. pylori dura, em média, 14 dias e é feito com dois antibióticos associados a um medicamento que inibe a acidez do estômago, como o pantoprazol. Existe a possibilidade de reações adversas, como náuseas, vômito e diarreia. Maria do Carmo Passos destaca que o paciente deve tomar corretamente os remédios prescritos, respeitando os horários e prazos estabelecidos pelo médico responsável, uma vez que descontinuar o tratamento favorece o aumento da resistência das bactérias.
A professora acrescenta que há o risco de uma reinfecção por H. pylori: “O tratamento não é 100% efetivo. 5 a 10% dos pacientes continuam infectados, sendo necessário um segundo tratamento”. Nesses casos, o médico deve prescrever novos antibióticos por 14 dias. Quando há doenças associadas à bactéria, pode-se recomendar evitar alguns alimentos durante o tratamento, como café e frutas ácidas.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.
O programa também é veiculado em outras 187 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.
*Redação: Warlen Valadares – estagiário de Jornalismo
Edição: Lucas Rodrigues
