H1N1: fatos e fakes

Série do Saúde com Ciência esclarece os riscos das infecções pelo vírus H1N1 e outros tipos de gripe e as principais formas de prevenção


30 de março de 2020 - , , , ,


As formas de transmissão e sintomas da gripe H1N1 (Influenza A) são praticamente os mesmos do coronavírus, nova doença que fez a primeira vítima fatal em Minas Gerais nesse domingo, 29 de março. Por terem algumas semelhanças, circula nas redes sociais comparações entre as infecções. Mas nem tudo é verdadeiro, principalmente quando a comparação é com a letalidade dessas enfermidades e vítimas fatais.

A H1N1, assim como o novo coronavírus, é transmitida por meio do contato direto ou com secreções respiratórias de uma pessoa infectada. A pandemia da gripe H1N1 ocorreu entre 2009 e 2010, com primeiros casos relatados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na região do México e Estados Unidos. Nesse período, foram oficializadas 18.449 mortes no mundo, em um total de 651 mil casos.

Série especial do Saúde com Ciência investiga riscos da infecção pelo H1N1 e outros subtipos, a importância da vacinação neste momento de pandemia, as principais formas de prevenção e tratamentos contra a gripe e muito mais.  Ouça aqui

É fake: epidemia de H1N1 matou mais que o novo coronavírus

O novo coronavírus causou pelos menos 31 mil mortes no mundo até esta segunda-feira, 30 de março, desde dezembro de 2019, quando surgiu. Em três meses, a OMS registrou 14.652 casos fatais pela convid-19, enquanto a pandemia de H1N1, em 16 meses, matou 18.449 pessoas.

Já a taxa de letalidade do novo coronavírus ainda não é totalmente conhecida, mas estima-se que varia de 2% a 3%, enquanto a da H1N1 durante a pandemia foi estimada em cerca de 0,02%.

Verdade: não há epidemia de H1N1 no Brasil

Durante todo o ano de 2019, o país registrou ao menos 1.109 óbitos por influenza, sendo 787 casos por H1N1, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Apesar dos números, não existe uma epidemia nem diferenças significativas entre a H1N1 e outros subtipos do vírus da gripe. É o que afirma o infectologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade, Dirceu Greco.

Segundo ele, os números de óbitos causados pelo H1N1 e pela gripe “comum” são semelhantes em escala global, da mesma forma que os sintomas e grupos de risco. “A pessoa pode ter dificuldades respiratórias, febre alta que não melhora, pressão baixa”, destaca. “É necessário que haja cuidado com os grupos de risco, como crianças menores, idosos, pessoas com doenças crônicas ou institucionalizadas”, completa Greco.

A notoriedade à gripe H1N1 está associada ao fato de o ser humano, em um primeiro momento, não ter apresentado defesa imunológica contra o vírus. Quando ocorreu a pandemia, o vírus sofreu uma mutação e deixou de ser restrito aos porcos.

No entanto, a disseminação desse tipo de gripe foi controlada com o desenvolvimento da vacina, em 2009, criada a partir de uma vacina que já contra outros vírus influenza.

É verdade: uma pessoa pode ser infectada após tomar a dose da vacina contra a Gripe

Existe a possibilidade de uma pessoa ser infectada após tomar a dose. Porém, a infecção não ocorre devido ao recebimento da dosagem, mas porque organismo pode demorar até dez dias para produzir os anticorpos. Nesse período, a pessoa pode contrair o vírus, já que ainda não está totalmente imunizada.

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe, promovida pelo Ministério da Saúde, foi antecipada neste ano devido a pandemia do novo coronavírus. O professor do Departamento de Clínica Médica, Unaí Tupinambás, explica que o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a  vacina trivalente, que faz a prevenção adequada: “O SUS oferece a tríplice, que protege contra três tipos (Influenza A H1N1, A H3N2 e Influenza B)”.

“Já a vacina quadrivalente, oferecida pelo serviço de saúde complementar, protege contra mais um tipo. Mas essa diferença é insignificativa, pois os tipos que circulam no Brasil estão cobertos pela trivalente”, garante o especialista. Esta tem eficácia de 70% a 80% dos casos, imunizando o indivíduo entre seis e sete meses, por isso a importância de se vacinar anualmente.

Outros cuidados preventivos
É recomendável lavar as mãos com água e sabão ou utilizar o álcool em gel com frequência, além de usar o antebraço ou lenço de papel ao tossir ou espirrar. Manter os ambientes bem ventilados e não compartilhar objetos pessoais são outras atitudes que ajudam a evitar a transmissão. Para os indivíduos acometidos pela gripe, é indicada a hidratação constante, repouso e o uso de medicamentos sintomáticos, por exemplo, para combater a febre alta.

Sobre o Programa de Rádio

Nesta semana, a série especial do Saúde com Ciência investiga os riscos da infecção pelo H1N1 e outros subtipos e muito mais. Confira.
Ouça a programação da semana:

:: Gripes e resfriados
:: Mitos e verdade
:: H1N1
:: Vacinação
:: Tratamentos


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