Aumento de hipertensão é associado a maus hábitos
Comportamentos inadequados contribuíram para o aumento da hipertensão arterial, inclusive nas crianças
28 de abril de 2017
Hoje, cerca de 25% da população brasileira tem o diagnóstico do quadro. Comportamentos inadequados contribuíram para o aumento da hipertensão, inclusive nas crianças
Estresse e vida agitada, alimentação inadequada e comportamento sedentário. Esses são fatores que os especialistas apontam para o aumento dos casos de hipertensão arterial no país, incluindo a população infantil. Entre os anos de 2006 e 2016, a taxa de indivíduos hipertensos subiu 14%, de modo que hoje um em cada quatro brasileiros apresenta o quadro. Os dados foram divulgados pelo Ministério da Saúde no último mês de abril.
Segundo o nefrologista pediátrico e professor da Faculdade de Medicina da UFMG, Sérgio Veloso, mudanças no estilo de vida contribuíram para o aumento da hipertensão primária, também chamada de essencial, entre a população mais jovem. “Nas crianças maiores e nos adolescentes, a hipertensão essencial, que é a mesma do adulto, é a causa mais comum na população pediátrica. De zero a 20 anos, esse tipo de hipertensão já é o mais prevalente e, antigamente, a gente não tinha tanto esse problema em crianças”, afirma Veloso.
A hipertensão primária envolve, além de fatores genéticos, externos como estresse, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas e alimentos industrializados, ricos em sal. A urbanização também contribuiu para o aumento dos casos de hipertensão, uma vez que a população urbana tende a ser mais sedentária. Outro fator está ligado ao desenvolvimento econômico da população como um todo, o que permitiu maior acesso ao consumo de alimentos. Esse desenvolvimento, porém, não foi acompanhado da devida orientação de como ter uma alimentação equilibrada, favorecendo quadros de hipertensão.
Neste contexto, Sérgio Veloso lembra que a conduta familiar inadequada faz com que a criança não priorize determinados cuidados. “O comportamento não é da criança, é da família como um todo, porque ela não come uma comida diferente da dos pais. Não basta intervir unicamente na prevenção da criança se, por outro lado, o pai toma refrigerante e consome alimentos ricos em sal”, alerta.
Em bebês e crianças menores, as causas mais comuns de hipertensão estão relacionadas ao tipo secundário da doença, que é causado por um fator hereditário. “Doenças, sejam renais, endócrinas ou vasculares, são algumas das causas mais comuns que fazem com que haja o aumento da pressão arterial em crianças menores”, esclarece o professor.
Consequências e controle
A hipertensão arterial é uma doença silenciosa que, se não for diagnosticada e devidamente controlada, serve como fator de risco para o surgimento de outras complicações no organismo. A nefrologista e professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Rosângela Milagres, cita alguns exemplos: “Ela pode causar doença renal grave, acidente vascular encefálico, infarto no miocárdio, doenças vasculares em artérias periféricas ao coração, insuficiência cardíaca e lesão na retina, que pode causar cegueira”.
O controle da hipertensão envolve uma mudança de hábitos, o que inclui a diminuição do consumo de alimentos ricos em sal, principalmente os industrializados, e a promoção de atividades físicas. “A prática de exercícios hoje é muito importante. Não somente ela, mas também técnicas de relaxamento, que também podem ser usadas em crianças”, indica Sérgio Veloso.
Em casos mais agudos, o uso de medicamentos é mais uma possibilidade de tratamento, por exemplo, se o indivíduo tem um quadro de obesidade. Rosângela Milagres lembra a necessidade de o indivíduo não abandonar o tratamento. “No mundo inteiro, somente entre 15 a 20% dos indivíduos diagnosticados com hipertensão continuam o tratamento. Mesmo que você não esteja apresentando sintomas, não abandone o tratamento”, recomenda a professora.
Sobre o programa de rádio
O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.
O programa também é veiculado em outras 185 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.
Redação: Luís Gustavo Fonseca | Edição: Lucas Rodrigues