Hospital das Clínicas realiza treinamento sobre dispositivo de detecção de prematuridade


25 de setembro de 2018


20 pesquisadores de cinco hospitais brasileiros participaram da capacitação

Profissionais de diferentes instituições brasileiras passaram por treinamento nesta segunda-feira (24), na Faculdade de Medicina da UFMG, para testar o Preemie-Test. A capacitação contou com 20 participantes representando o Hospital Sofia Feldman, Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, Hospital Materno-Infantil de Brasília e do Hospital da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), além do Hospital das Clínicas da UFMG (HC).

Professoras Zilma Reis e Maria Albertina, da esquerda para a direita. Foto: Arquivo Pessoal

O objetivo foi capacitar e certificar as equipes e os centros colaboradores para usar a nova tecnologia, desenvolvida por médicos do HC e professores da Faculdade de Medicina da UFMG, que permite mais precisão à detecção da idade gestacional. Segundo a professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia e coordenadora do projeto, Zilma Reis, as técnicas disponíveis atualmente fazem o cálculo com erro de duas a três semanas e dependem de um profissional treinado na área. Já com o dispositivo, patenteado pela equipe, a margem de erro é de 11 dias nas primeiras 48 horas de vida. Com o novo estudo, pretende-se reduzir para sete dias.

“A idade gestacional de uma criança é o maior preditor de sobrevida e tem impacto na qualidade de vida até a idade adulta. O que é muito importante neste projeto é que a gente fortalece a perinatologia, a pediatria e neonatologia junto com a obstetrícia trabalhando junto e desenvolvendo ferramentas clínicas importantes para a assistência e, posteriormente, para relacionar ao prognóstico de vida da criança”, afirmou a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade, Maria Albertina, também participante do projeto.

O treinamento de todos os pesquisadores e a certificação dos centros são etapas obrigatórias em pesquisas clínicas e seguem as normas das Boas Práticas. É uma etapa preliminar, que antecede à coleta de dados, para que seja feito alinhamento para o processo de organização, desenvolvimento e monitoramento de diretrizes da pesquisa para ensaios envolvendo novos dispositivos médicos.

HC-UFMG realiza treinamento sobre dispositivo de detecção de prematuridade. Foto: Assessoria de Comunicação HC-UFMG

Atendendo as normas da Anvisa, os profissionais farão os testes em 787 recém-nascidos, como parte da etapa de validação, antes de colocar o dispositivo disponível no mercado. O estudo intitulado “Ensaio Clínico Multicêntrico Detecção da prematuridade através da interação entre a luz e a pele neonatal: a validação do Preemie‐Teste” é financiado pelo Ministério da Saúde, por meio do Fundo Nacional de Saúde.

“Nós do Rio Grande do Sul estamos muito contentes em participar deste projeto, porque vai permitir estudar toda a população brasileira, que é extremamente heterogênea, e ter um cálculo adequado da idade gestacional, principalmente nos prematuros, onde existe muito erro nos métodos tradicionais”, destacou o neonatologista da ULBRA, Paulo de Jesus Nader. “Assim, poderemos avaliar melhor e ter um resultado mais qualificado na intervenção, ou seja, no tratamento que essas crianças terão nos mais diversos centros, colaborando para a redução da mortalidade neonatal, perinatal e, obviamente, da mortalidade infantil”, continuou.

Prematuros e mortalidade

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 15 milhões de bebês nasçam prematuros a cada ano e um milhão morre por causa das complicações da prematuridade, que lidera as causas de morte neonatal e é responsável pela metade dos casos de comprometimento neurológico em crianças. Na maioria dos casos, esses bebês precisam receber cuidados especiais, como suporte respiratório e controle de temperatura, ou ser encaminhados a uma unidade neonatal. Para que isso ocorra de maneira satisfatória, é necessária a identificação exata da idade gestacional, calculada, atualmente, por um pediatra ou enfermeiro neonatólogo treinado.

O projeto foi financiado pela Bill & Melinda Gates Foundation e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Ele foi selecionado entre as iniciativas apoiadas pela sétima edição do Building Global Innovators (aceleradora internacional de tecnologias) e apresentado na terceira edição do WHO Global Forum on Medical Devices, da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizada neste ano.

Mais informações estão disponíveis no site do Projeto: www.skinage.medicina.ufmg.br.

Com Assessoria de Comunicação do Hospital das Clínicas da UFMG