Conheça os impactos do racismo na saúde mental das mulheres negras


20 de novembro de 2019 - , , , ,


*Antônio Paiva

O modo de vestir, as escolhas profissionais e até de relacionamentos. Para a assistente social e diretora de políticas públicas para as mulheres da Prefeitura de Belo Horizonte, Viviane Coelho, existe uma visão preconceituosa e moralista sobre as mulheres negras e suas maneiras de ser. Ela conta que essa visão acaba por impedir que os profissionais de saúde e instituições respeitem a opinião e liberdade dessas mulheres, prejudicando o bem estar físico e mental delas, bem como o acesso ao sistema de saúde.

No áudio a seguir, Viviane exemplifica como o preconceito e a desigualdade interferem na saúde da mulher negra:

A diretora de políticas para mulheres da Prefeitura de Belo Horizonte também explica que a cultura machista, em que o poder da razão é conferido aos homens, é uma barreira para que as mulheres, de forma geral, se manifestem ou reivindiquem algo, prejudicando a saúde mental delas.

E no caso das mulheres negras, se soma a esse fato as questões referentes ao racismo, favorecendo ainda mais a sobrecarga emocional, como relata no áudio a seguir:

Foto: Carol Morena.

Solidão da mulher negra

Todas essas dificuldades podem comprometer a autoestima das mulheres negras e causar um sentimento de solidão.

A assistente social e diretora de políticas públicas para as mulheres da Prefeitura de Belo Horizonte, Viviane Coelho, conta como esses sentimentos levam ao adoecimento mental:

Dor deslegitimada

Viviane Coelho, ressalta que, muitas vezes, os sofrimentos psíquicos que podem acometer as mulheres negras são deslegitimados, o que dificulta o enfrentamento do problema e a construção de políticas públicas para a promoção da saúde.

A especialista explica, no áudio a seguir, porque essas questão não devem ser negligenciadas:

Racismo institucional

As barreiras do estigma também se manifestam no sistema de saúde. O preconceito dentro das instituições recebe o nome de racismo institucional. Ele pode ser identificado, por exemplo, quando ocorre um atendimento com qualidade inferior ou quando informações não são prestadas por causa da cor do paciente.

Lorena Luiza Chagas Lemos é professora convidada da Faculdade de Medicina da UFMG. Ela explica como o racismo impacta no acesso à saúde:

Para reduzir essas desigualdades e promover a saúde da população negra, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Essa política estabelece objetivos, diretrizes, estratégias e responsabilidades da gestão em todas as esferas, sejam elas municipais, estaduais ou federal, para a promoção da equidade em saúde.

Saiba mais sobre os avanços e desafios dessa política no programa de rádio do Saúde com Ciência “Impactos do racismo na saúde da população negra”, veiculado na semana passada. Clique aqui para ouvir.

Aspas Sonoras

As “Aspas Sonoras”, produção do Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG, ampliam a discussão sobre os temas abordados nas séries de rádio realizadas pelo Saúde com Ciência. As matérias apresentam áudios e textos inéditos do material apurado na produção das séries.

*Redação: Antônio Paiva – estagiário de Jornalismo
Edição: Karla Scarmigliat