Projeto Skinage recebe prêmio e leva tecnologia a diferentes países

Skinage será avaliado simultaneamente em Moçambique, Portugal e Brasil.


02 de julho de 2018


Vencedor da chamada internacional “Stars in Global Health 2018-2019”, do Grand Challenges Canadá, Skinage será avaliado simultaneamente em Moçambique, Portugal e Brasil

Dispositivo identifica a idade gestacional usando luz LED. Foto: Arquivo Pessoal

Com início das ações em agosto, a proposta de levar a tecnologia Skinage, projeto desenvolvido e patenteado pela Faculdade de Medicina da UFMG, para ser avaliada simultaneamente em Moçambique, Portugal e Brasil, terá o financiamento total de 100 mil dólares canadenses. O prêmio se deve a assinatura do acordo entre a UFMG, Fiocruz e Grand Challenges Canadá, após o projeto vencer a chamada internacional “Stars in Global Health 2018-2019” (estrelas em saúde global), que selecionou 44 ideias de enfrentamento aos desafios persistentes na saúde de mulheres e crianças em países de baixa e média renda.

“Notícia boa nem sempre tem a mesma repercussão das ruins. É um orgulho receber esse apoio em uma disputa apertada com propostas do mundo todo”, destaca a coordenadora do Skinage e professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade, Zilma Reis. Ela explica que, nesta etapa do projeto, serão reunidos centros de referência no atendimento à gravidez de alto risco, onde se espera encontrar bebês que nasceram antes de nove meses de gestação, para que seja avaliado o Preemie-Test. Este dispositivo médico, parecido com uma caneta, realiza o teste da prematuridade automaticamente quando a luz toca a pele do pé da criança recém-nascida durante alguns segundos.

“A incerteza da idade gestacional ao nascimento é um desafio em todo mundo. A realidade do cuidado é distinta nesses três países, ambos de língua portuguesa, o que permitirá avaliar a importância do Preemie-Test nos vários cenários de nascimento, com recursos tecnológicos distintos”, pontua Zilma. “Em 18 meses vamos fabricar uma versão do dispositivo bem próxima da que esperamos colocar no mercado. Para isso, vamos realizar o novo exame em 298 bebês recém-nascidos para analisar a reflexão da pele e diagnosticar os prematuros”, acrescenta.

Dessa forma, pretende-se validar o Preemie-Test. “Esperamos verificar se ele é capaz de diagnosticar a prematuridade, quando a informação da cronologia da gravidez for imprecisa ou inexistente. O novo teste poderá estar pronto para uso a partir de 2020, em hospitais, casas de parto e ambulâncias”, continua Zilma.

A coordenadora ainda ressalta que esse é um estudo científico, do tipo ensaio clínico multicêntrico, inscrito na plataforma de registro da Organização Mundial de Saúde, a WHO International Clinical Trials Registry Platform. “Com isso, os mais rigorosos padrões de boas práticas em pesquisa serão seguidos, assim como os resultados serão publicados em revistas científicas”, informa.

Cronograma de desenvolvimento do projeto

De acordo com a professora Zilma Reis, nos primeiros seis meses será produzido o dispositivo Preemie-Test, em parceria com a empresa ATEEI, e formalizada a cooperação com hospitais universitários de referência no Brasil, em Portugal e Moçambique. “Serão 18 meses de trabalho. Esperamos, no final de 2018, iniciar os exames nos bebês para que ao final de 2019 possamos analisar os resultados e finalizar o modelo do dispositivo para aprovação da Anvisa”, explica.

Para seu desenvolvimento, o projeto conta com uma equipe multidisciplinar de médicos, biomédicos, enfermeiros, físico e profissionais da computação que também são  professores/pesquisadores, alunos de pós-graduação, graduação e técnicos da Faculdade de Medicina da UFMG.

Projeto Skinage

Com um sensor que capta luz de leds refletida na pele para avaliar a idade gestacional do bebê ao nascer, o projeto Skinage foi apresentado em 2017 no 3rd WHO Global Forum on Medical Devices, fórum da Organização Mundial da Saúde (OMS) e já recebeu reconhecimento com a publicação dos seus resultados científicos na revista Public Library of Science (PLoS ONE). A publicação em forma de artigo, chamado Newborn skin reflection: Proof of concept for a new approach for predicting gestational age at birth. A cross-sectional study, mostra que esta pode ser uma tecnologia barata e efetiva para ser usada em diferentes cenários de parto pelo mundo.

O projeto, financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates e Fapemig, também apresenta outro produto, um aplicativo para dispositivos móveis chamado Meu Pré-Natal, que já conta com cerca de 70mil downloads no Brasil e em outros países.