Insônia pode prejudicar aprendizado e desempenho de crianças e adolescentes


26 de dezembro de 2025 - , ,


Crianças, adolescentes e até mesmo bebês podem sofrer de insônia crônica. É o que afirma a professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG e convidada do Saúde com Ciência, Ana Elisa Ribeiro. De acordo com a professora, que também é médica do sono, a insônia crônica pode gerar prejuízos para o aprendizado e queda no desempenho escolar dos jovens.

“A criança vai ter principalmente repercussões de comportamento e de aprendizado. A insônia parece muito com os sintomas de déficit de atenção e hiperatividade na infância”, descreve a professora. De acordo com ela, uma criança que dorme pouco pode não demonstrar sinais de cansaço como pouca movimentação ou cochilos.

Ao invés disso, a criança começa a demonstrar alterações de comportamento, como a irritabilidade, falta de paciência e propensão para o choro. Além disso, a criança também pode ter perda momentânea da coordenação motora, chegando a tropeçar ou cair com facilidade.

“Se a criança vai para a escola e está cansada, ela pode ter esse comportamento de agitação psicomotora mesmo para se segurar. Mas ela também pode ficar mais desatenta, sem prestar atenção, sem ter persistência, e isso certamente vai comprometer o que ela recebe, o que ela coloca para dentro. E se eu não durmo, eu não vou consolidar esse aprendizado, o que é feito durante o sono”.
Professora Ana Elisa Ribeiro

Insônia infantil?

De acordo com a professora Ana Elisa, a insônia é comumente entendida como um problema adulto. “Talvez a forma como a gente pensa a insônia, a gente pensa muito em relação àquelas preocupações que não te deixam dormir. De fato, criança não tem isso, não é?”, argumenta.

No entanto, ela afirma que a definição não é exatamente essa. A dificuldade de iniciar o sono, de mantê-lo por um período adequado de tempo e o despertar muito precoce são características da insônia que geram prejuízos ao dia do indivíduo e que podem, sim, afetar crianças e adolescentes.

“E, quando a gente fala de crianças, com prejuízos também para os cuidadores, porque muitas vezes a criança pode estar dormindo o período que precisa, mas está acordando muito, e aquela mãe, por exemplo, não está funcionando muito bem”, descreve a professora. Ela finaliza afirmando que, na classificação internacional de doenças do sono, a insônia pode ser identificada até mesmo em bebês de apenas seis meses de idade.

Ouça o podcast na íntegra:

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, conversamos sobre a insônia, sobretudo em crianças e adolescentes. Discutimos as principais causas e as diferenças entre insônias crônicas e agudas. Além disso, explicamos os efeitos da insônia para o aprendizado e o desenvolvimento dos jovens.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a quinta-feira, às 7h15, no programa Bom Dia UFMG. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.