Integrantes do Observaped Itinerante relatam experiências vividas no Vale do Jequitinhonha

O cansaço de mais de oito horas de viagem e alguns percalços no caminho – uma parada inesperada para trocar o pneu – ficaram pequenos diante do sorriso da população de Chapada do Norte, no Vale Jequitinhonha – MG. Foi assim que estudantes e professores que integram o Observaped Itinerante, projeto de extensão do Departamento de

Teatro de fantoche levou informações sobre câncer infantil. Foto: Divulgação/ Observaped Itinerante.

Pediatria da Faculdade de Medicina, foram recebidos ao desembarcarem no município, localizado a 430 quilômetros de Belo Horizonte. Pela primeira vez, o projeto foi realizado fora da capital mineira e levou, nos dias 15 e 16 de dezembro, ações educativas e solidárias para a população da região. Os momentos foram registrados pelos estudantes, que fotografaram, filmaram e vestiram a camisa de repórteres para fazerem entrevistas. Todo o material foi cedido ao Centro de Comunicação Social da Faculdade (CCS) para que mais pessoas possam, mesmo de longe, compartilhar dessa experiência.

“A reação de cada uma delas, ver as expressões, comportamentos, foi muito gratificante… tive uma postura que nem eu esperava, do tipo: conseguir interagir de igual para igual com algumas crianças, ficar, super tranquilo mesmo diante dos problemas, coisas que eu nem imaginava, sabe?”, confessou o estudante de Arquitetura da UFMG, Arcanjo Raphael Souza e Silva, que integra o Observaped.

Para instruir sobre questões primordiais em relação à promoção de saúde, foram realizadas rodas de conversa, teatro de fantoche, entre outras atividades lúdicas, em dois povoados de Chapada do Norte: Batieiro e São Sebastião de Boa Vista. As atividades evolveram alunos da Faculdade de Medicina e de outras unidades, como a Escola de Enfermagem e de Arquitetura da UFMG, além de diferentes parceiros. Confira alguns momentos:

De acordo com a coordenadora da ação e chefe de secretaria do Departamento de Pediatria, Marília Regina Rodrigues, o projeto tem a função de propor políticas públicas e fazer com que o conhecimento produzido pela Faculdade chegue às comunidades. “A ideia é proporcionar aos alunos o contato com extramuros, fazendo com que realmente sejam agentes transformadores e tenham experiências que os transformem como alunos e futuros profissionais”, ressalta.

Marília conta que o Observaped Itinerante surgiu por meio de um convênio do Departamento de Pediatria com a Prefeitura de Belo Horizonte, Secretaria Estadual de Saúde e Sociedade Mineira de Pediatria, entre outras instituições que apoiaram a ideia. Segundo ela, a mobilização para as ações, no entanto, é sempre grande, envolvendo funcionários, alunos, professores e diversos projetos da UFMG.

A doutora Sorriso (Fernanda Lapa) foi uma das estudantes que se evolveu com a proposta e levou o teatro de fantoche para contar para as crianças, de forma lúdica, quais são os sinais do câncer. Ela comenta como foi:

Para o professor do Departamento de Pediatria da Faculdade, Sílvio Cesar Zeppone, que coordena o eixo do Observaped “Caderneta da Saúde da Criança e do Adolescente”, a ação permite pensar sobre as atividades da Faculdade por meio do contato direto com os participantes. A estudante Débora Melo Silva Neves, que integra o projeto, comenta que sair da Instituição para trocar experiências é uma sensação única. “Tanto que a nossa intervenção foi efetiva. Os adolescentes me perguntaram sobre o uso de métodos contraceptivos, por exemplo, pois não conheciam”, conta.

As palhacinhas bem simpáticas do projeto Encantarte UFMG, Fridola (Paula Barros) e Keka (Adriely Sanglard), também disseram ter vivenciado uma experiência única. Elas relatam como foi:

Já a professora do Departamento de Pediatria, Maria Cândida Ferrarez Bouzada Viana, participou da roda de conversa sobre aleitamento. Ela comenta que a população, de forma geral, sabe muito sobre o tema, mais que ainda existem muitos mitos que ajudam a perpetuar o desmame no país. “São aquelas regiões que usam chás e sucos, principalmente nos primeiros meses de vida. Isso acarreta no desmane precoce”, avalia. Os participantes não só entenderem a mensagem como ensinaram alguns aspectos da região. Quem conta mais são os pais do pequeno Humberto, de 3 meses, Kelly de Oliveira e Magno Machado: 

Um dos momentos mais marcantes para integrantes e participantes da ação, sem dúvidas, foi a entrega dos brinquedos e livros infanto-juvenis arrecadados na campanha realizada na Faculdade. As doações foram levadas num caminhão e embrulhadas, com muito carinho, por voluntários.

A estudante Maria Isabel Santos, de 9 anos, mostra com entusiasmo os presentes que ganhou e fala sobre o que aprendeu nas rodas de conversa:

A campanha de doação de brinquedos, realizada pelo Departamento de Pediatria da Faculdade, inicialmente teve o objetivo de inovar as brinquedotecas que atendem crianças e adolescentes internados na enfermaria pediátrica do Hospital das Clínicas da UFMG (HC). Como o número de doações atingiu quase dois mil brinquedos e livros infanto-juvenis, superando o esperado, a ação aumentou as instituições parceiras para recebimento.

Dessa forma, parte das arrecadações foram destinadas aos alunos das seguintes escolas do Vale do Jequitinhonha: Escola Estadual Olidia Lemos de Oliveira, Escola Estadual Jose Rodrigues Figueiredo, Escola Estadual Zé de Calu, Escola Estadual Professora Maria Gomes da Silva, além de crianças e adolescentes assistidos pelas ONGs Achanti e Childfund Brasil, também da região.

A cidade de Chapada do Norte foi a escolhida para a terceira edição do projeto de extensão.

Ficha técnica
Entrevistados: Arcanjo Raphael Souza e Silva, Fernanda Lapa, Maria Cândida Ferrarez Bouzada, Marília Regina Rodrigues, Sílvio Cesar Zeppone, Kelly de Oliveira e Magno Machado, Paula Barros e Adriely Sanglard, Maria Isabel Santos.
Produção e apresentação: Gabriel Spagnol Vizibelli Chaves e Arcanjo Raphael Souza e Silva

Veja a galeria de imagens:

Fotos: Divulgação/Gabriel Spagnol Vizibelli Chaves e Arcanjo Raphael Souza e Silva