Interprofissionalidade desde a formação é necessária para excelência na saúde

Assunto é objeto de discussão no 3º Congresso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG


25 de maio de 2018


Assunto é objeto de discussão no 3º Congresso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG.

Ana Maria Chagas Sette Câmara durante apresentação. Foto: Carol Morena.

A “Formação do profissional em saúde e interprofissionalidade” foi tema da Palestra Magna do 3º Congresso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG. O assunto foi abordado pela professora do Departamento de Fisioterapia da EEFFTO da UFMGAna Maria Chagas Sette Câmara, nessa quinta-feira, 24 de maio, no Salão Nobre da Unidade.

Profissionais da saúde, como médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, dentre outros, precisam formar equipes interprofissionais na tentativa de solucionar casos clínicos. Mas, segundo Ana Maria Chagas, a forma mais fácil de conseguir excelência na área de saúde precisa partir da formação dos profissionais. “Para haver educação interprofissional, tem que haver um encontro, um projeto coletivo e uma discussão. Estudantes aprendem juntos sobre as demais áreas,” comentou. Para a professora, é preciso mais tempo, para rodas de conversas entre estudantes de diversas áreas, com um professor como mediador, para a discussão de casos clínicos, além de entender o trabalho de cada profissional.

Durante a palestra, a professora explicou que pesquisas internacionais apontam que o erro médico é a terceira causa de morte em todo o mundo. É um modelo que apenas um profissional faz tomada de decisão. Uma equipe interprofissional é aquela com profissionais de diversas áreas da saúde e com responsabilidade pelos resultados. “Não adianta eu ter uma reunião e depois cada um sair fazendo o seu, não acompanhar, sem ter um feedback se deu certo, se o paciente melhorou ou não. Uma equipe interprofissional pensa junta, age junto e reavalia junta”, explicou Ana Maria.

Público presente durante palestra. Foto: Carol Morena.

Para a professora, a forma como se pensa saúde determina o modelo assistencial dos locais. A saúde vista como ausência de doença, vai prover hospitais, com atendimentos uniprofissionais e intervenções curativas. Mas, quando se pensa em saúde com determinantes sociais, requer uma nova forma de trabalho e de processo, um trabalho em rede, um trabalho interprofissional. “Isso só é possível quando todos os profissionais tiram o olhar do seu procedimento e colocam o olhar no sujeito e na pessoa”, avaliou.

De acordo com Ana Maria, a prática interprofissional vem ganhando espaço no país nos últimos anos. “As pesquisas apontam que a prática colaborativa pode melhorar o acesso aos serviços de saúde, uso adequado de recursos clínicos. Quantas vezes os nossos pacientes têm abordagem duplicada? Isso gera custo, tempo e conflito no paciente”, apontou.

De acordo com a professora, quando se trabalha com uma equipe interprofissional, não se quer mais trabalhar de outra forma.  “É interessante como trabalhar com os outros, nos potencializa, revela de fato como podemos contribuir com o trabalho do outro. Quando trabalhamos em coletivo, percebemos como trabalhamos melhor e atingimos o resultado de maneira diferenciada”, declarou.

“O mais importante é a saúde com excelência. Mudar a lógica de cada um pensar em si e abrir para discussão do que é possível e viável. Já existem evidências suficientes que a educação interprofissional otimiza os serviços de saúde e, principalmente, melhora os resultados”, concluiu Ana Maria.

Abertura

Também foi realizada na noite dessa quinta-feira, 24 de maio, a Sessão Solene de Abertura do 3º Congresso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG.

Ao todo, 450 fonoaudiólogos e estudantes participam do evento, segundo a organização. Há mais de 70 palestrantes de seis estados e 21 municípios brasileiros. Mais de 130 trabalhos de diversas áreas temáticas foram aprovados e 28 concorrem a prêmios.

Mesa de honra: Amélia Friche, Luciana Macedo, Cristina Alvim, Alamanda Kfoury, Luciana de Gouvêa, Andréa Motta e Raimundo de Oliveira Neto. Foto: Carol Morena.

De acordo com a chefe do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade e presidente do 3º Congresso de Fonoaudiologia da UFMG, Luciana Macedo, a programação do evento foi preparada com muito cuidado e dedicação e um tema permeou a grade científica. “Neste ano, a escolha do tema interprofissionalidade teve a intenção de refletir o fazer clínico e científico da Fonoaudiologia, tão relevante na integração de profissionais de diferentes áreas”, explicou.

Para a vice-diretora da Faculdade de Medicina da UFMG, Alamanda Kfoury, o tema discutido no congresso é de grande importância, pois colabora com a sinalização de uma nova forma de exercer as atividades profissionais ligadas à saúde. “Embora muitos trabalhos da assistência requeiram uma atuação em equipe, cada profissional se enxerga como um indivíduo isolado. Então, essa formação corporativa, em que os saberes se entrelaçam desde a formação, começa a fazer sentido em uma assistência de promoção de saúde que realmente venha ser impactante no futuro”, afirmou.

A coordenadora do Colegiado de Fonoaudiologia, Andréa Motta, lembrou da importância de um evento como este na formação dos estudantes. “Do ponto de vista da graduação, é indispensável que os alunos tenham contato com outros profissionais, com outras formas de pensar, além de aprofundar o conhecimento com novos aspectos”, avaliou.

O 3º Congresso de Fonoaudiologia aborda seis assuntos específicos de áreas da Fonoaudiologia, sendo eles voz, linguagem, motricidade orofacial, audiologia, saúde coletiva e práticas interprofissionais. Segundo a coordenadora da Pós-Graduação em Ciências Fonoaudiológicas da Faculdade, Amélia Friche, os temas discutidos são desafios do dia a dia do profissional. “Por isso, espero que todos nós possamos aproveitar ao máximo a riqueza de palestras, temas e competências que estão por vir nos próximos dias de congresso”, comentou.

Coral de Afásicos durante apresentação. Foto: Carol Morena

Durante a abertura, os presentes puderam acompanhar a apresentação do Coral de Afásicos, com a música Carinhoso, de Pixinguinha. O projeto de extensão é coordenado pela professora do Departamento de Fonoaudiologia, Érica Brandão Couto. Durante apresentação, o coral contou com o acompanhamento dos alunos Gabriela Rios, Moisés do Carmo Alves, Lucas de Oliveira Cunha, Rosane da Silva Soares e Queila Antunes.  O Hino Nacional Brasileiro foi interpretado em libras pela aluna Raquel Santos.

Também compuseram a mesa de honra da abertura do congresso a representante da Reitoria da UFMG e assessora para a área da saúde, Cristina Alvim; a superintendente do Hospital das Clínicas da UFMG, Luciana de Gouvêa Viana; e o presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia da 6ª região, Raimundo de Oliveira Neto.


Programação

O Congresso segue até sábado, 26 de maio, com oficinas, sessão de pôsteres, apresentação oral de trabalhos e mesas-redondas.

Até o dia 26, o evento vai abordar os seis assuntos específicos de áreas da Fonoaudiologia, sendo eles voz, linguagem, motricidade orofacial, audiologia, saúde coletiva e práticas interprofissionais,

Acesse a programação completa do 3° Congresso.

Mais informações: Departamento de Fonoaudiologia – 3409-9117 ou 3congressofono@gmail.com