Laboratório de Simulação ganhará novo espaço na Faculdade


20 de março de 2018


Professora Maria do Carmo Barros de Melo explica a contribuição do novo laboratório para o ensino na Unidade.

 

O Laboratório de Simulação da Faculdade de Medicina da UFMG (Labsim) irá ganhar um novo espaço na Unidade. Na segunda-feira, 12 de março, foi realizado o lançamento das obras. Localizado no 3º andar da Faculdade, o espaço terá 1.380 m² e a previsão é que a obra seja finalizada em 2019.

O objetivo do Labsim é criar ações envolvendo a simulação em saúde, em computadores e manequins, para auxiliar estudantes na aquisição de habilidades e desenvolvimento de competências durante o atendimento médico.

Em entrevista, a coordenadora do Labsim e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Maria do Carmo Barros de Melo, contou sobre como o novo espaço irá contribuir para o ensino da Unidade. Confira:


– O que o novo espaço tem a acrescentar para o funcionamento do Labsim?

A Faculdade recebe 320 alunos novos a cada ano, se computarmos apenas os alunos do curso de Medicina. Temos ainda os cursos de Tecnologia em Radiologia e Fonoaudiologia. Os alunos do curso de Fonoaudiologia têm utilizado de forma crescente o laboratório de simulação, com aquisição de equipamentos importantes para o desenvolvimento de competências profissionais. Com este número de alunos, a atual área física é pequena para a criação de cenários simulados. Atualmente, temos um grande número de manequins, mas necessitamos de ampliar o espaço físico e a infraestrutura para o desenvolvimento das atividades. Ao mesmo tempo, tem havido uma ampliação da utilização dos ambientes de habilidades de comunicação. Dessa forma, após visitas técnicas que realizei em vários laboratórios de simulação no Brasil e em outros países, reuniões e discussões com diversos professores e a Diretoria da Faculdade de Medicina, conseguimos apoio para o desenvolvimento de um projeto com área física adequada para a utilização pelos cursos vinculados à Faculdade de Medicina. A equipe de Arquitetura e Engenharia da Faculdade interagiu com todos nós e, em conjunto, conseguimos elaborar uma área física muito moderna. O novo espaço contém: estações de debriefing,  áreas de simulação avançada, estações de habilidades de comunicação, estúdio para gravação e elaboração de vídeos instrucionais, auditório, camarim para atores, mini copa, enfermaria simulada, banheiro de pacientes simulados, área aberta para a elaboração de treinamentos em ambientes pré-hospitalares. Essa área física está acoplada a uma área de consultórios para a realização da Avaliação Objetiva e Estruturada do Desempenho Clínico (Osce), a qual foi idealizada pela Comissão de Avaliação da Faculdade de Medicina da UFMG, presidida pela professora Eliane Gontijo. A professora Cecília Nogueira, responsável pelas relações institucionais, buscou recursos e com o apoio e a intervenção de alguns professores da Unidade, que são de referência no cenário nacional, finalmente os recursos foram obtidos. Acredito que a nova área é um sonho que foi realizado. Para isto, muitos professores, alunos e funcionários da Faculdade de Medicina, atuaram de forma colaborativa e institucional.

Professora Maria do Carmo Barros de Melo com o manequim de bebê. Foto: Bruna Carvalho.

– Pelo lado do ensino, qual a importância desse espaço para os estudantes da Faculdade de Medicina da UFMG?

O ensino mediado por simulação é cada vez mais utilizado por instituições educacionais e serviços de saúde. É uma metodologia de ensino seguro e ético que complementa a prática adquirida com o paciente. As perspectivas futuras das tecnologias de informação e comunicação na área da saúde acopladas ao uso de simulação avançada e computacional são promissoras, especialmente, para treinamento de profissionais de saúde, estudantes de graduação e pós-graduação. No Brasil, o Ministério da Educação tem como diretriz curricular do ensino médico a necessidade de utilização de laboratórios de simulação. A portaria faz referência ao aprendizado em situações e ambientes protegidos e controlados, ou em simulações da realidade, identificando e avaliando o erro, como insumo da aprendizagem profissional e organizacional e como suporte pedagógico, enfatizando a necessidade de treinamento em atendimentos utilizando equipes multidisciplinares. A prática simulada previamente ao atendimento do paciente é recomendada por diversas sociedades científicas e eticamente é mais aceitável, podendo ser utilizada para treinamento de habilidades em procedimentos constrangedores (como, por exemplo, toque retal ou vaginal), em trabalho em equipe ou atendimento de urgências, entre outros.  Para o ensino do adulto, a andragogia se fundamenta na necessidade de motivação para que o processo ensino/aprendizagem ocorra, na contextualização, prática clínica, no compartilhamento de experiências. O laboratório de simulação propicia tudo isto.


– Atualmente, qual o papel que a simulação tem na Faculdade?

A Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais vem utilizando práticas simuladas para o ensino médico desde 1975, com investimento financeiro e logístico crescente no decorrer dos anos. Em 2007, a convite do professor Claudio de Souza, coordenador do Centro de Tecnologia em Saúde (Cetes), passei a coordenar o Laboratório de Simulação (LabSim). Com a reforma curricular, muitas disciplinas que ainda não utilizavam o LabSim, passaram a ter uma carga horária dedicada às práticas simuladas. Em especial, o ensino de ginecologia e obstetrícia, de semiologia e das disciplinas da área de urgência e emergência, tem se beneficiado com a metodologia de ensino baseado em simulação. Uma grande parte do acervo do LabSim foi adquirida por meio de financiamento do Fundo Nacional de Saúde, tendo o LabSim como contrapartida a função de capacitar profissionais de saúde da rede pública para o desenvolvimento de competências e aquisição de habilidades, visando qualificar a assistência. Neste sentido, toda a equipe do Cetes se envolveu e desenvolveu cursos de capacitação, alguns com componentes de ensino a distância, em: suporte básico de vida e em urgência e emergência; assistência e transporte do neonato; assistência à gestante e o neonato; prevenção e diagnóstico de câncer de mama e de colo de útero, entre outros. Todos esses cursos se tornaram atividades de extensão e de educação permanente relevantes para a UFMG. Temos trabalhado para que pesquisas sejam desenvolvidas dentro do LabSim, já tendo sido defendida uma tese e encontra-se em andamento uma dissertação de mestrado. Outras propostas estão em andamento.

– Quais instrumentos de simulação o Laboratório conta hoje e quais suas finalidades?

O LabSim conta com diversos manequins e equipamentos de simulação que permitem treinamento em: ausculta cardíaca e pulmonar;  otoscopia;  ginecologia, obstetrícia, exame de mamas;  toque retal; videolaparoscopia; endoscopia e broncoscopia; parto simulado; adulto, criança, bebê e neonato robotizados e semi-robotizados, entre outros. Temos organizado capacitações frequentes para os docentes, monitores e funcionários. Está programada uma oficina de capacitação docente em setembro deste ano, além de treinamentos para a utilização dos novos manequins. Os monitores do LabSim estão disponíveis para outras capacitações e o contato pode ser feito via funcionários do laboratório, bastando um pré-agendamento. Podemos maximizar a utilização do LabSim, para tal, basta que os departamentos interessados solicitem o agendamento de treinamentos e da reserva de salas e equipamentos por email. Além disso, o LabSim disponibiliza espaço e equipamentos para a realização do Osce para diversas disciplinas do curso de Medicina da Faculdade. Enfim, utilizar manequins e equipamentos de simulação permite vivência prática de excelência, contribuindo para o processo ensino-aprendizado.

Simulação com manequim de um bebê no Labsim. Foto: Bruna Carvalho.

– Novos equipamentos para o espaço serão adquiridos?

Novos equipamentos e manequins têm sido adquiridos ao longo dos anos. Acabamos de receber um novo modelo de manequim robotizado de parturiente com a possibilidade de parto simulado normal, cesáreas e todas as complicações conhecidas destes.  Um manequim robotizado de recém-nascido também foi adquirido, com software mais real e fidedigno.  Está para ser entregue para a Faculdade de Medicina da UFMG um equipamento de simulação de ultrassonografia, no o qual é possível simular exames de todos os sistemas: pediátrico, ortopédico, gineco-obstétrico, toracoabdominal, entre outros. Pretendemos adquirir um manequim de ausculta cardíaca, o qual é considerado como de excelência em várias faculdades de medicina de outros países. Esse último manequim foi, por muitos anos, esperado por mim e pela professora Rosalia Morais Torres, a qual pretende utilizar o manequim de forma ampla em aulas para pequenos e grandes grupos com ampliação e transmissão dos sons para os alunos. Esperamos a chegada em breve desses novos equipamentos.

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