Manter o cérebro ativo ajuda a memória
17 de setembro de 2014
“Eu não me lembro…” quando a memória falha. Esse foi o tema da “Quarta da saúde”, que aconteceu nesta quarta-feira, 17 de setembro. Conduzida pelo professor do Departamento de Clínica Médica, Paulo Caramelli, a palestra ressaltou desde os tipos de memória às causas de sua perda.
Segundo o professor, a memória é um grande sistema de armazenamento de informações e citou um estudo, de 1958, que apontou que existem vários tipos dela. Nele, o paciente se submeteu a um procedimento de retirada de uma pequena região do cérebro, na tentativa de tratamento da epilepsia. Nenhuma área motora ou intelectual do jovem foi afetada, mas sua memória passou a falhar em alguns aspectos: ele não se lembrava de acontecimentos dos meses próximos à cirurgia e não conseguia gravar novas informações, mas recordava de toda sua vida anterior ao procedimento.
Caramelli explicou que existe a memória para acontecimentos novos e antigos. A consciente, de curta ou longa duração, de acontecimentos e significados das palavras, e a inconsciente – como o automatismo ao dirigir um carro que, após muitas repetições, passa a ser realizado sem perceber.
Causas e tratamento
Situações como tristeza e sobrecarga no trabalho podem levar a esquecer pequenas coisas do dia a dia. Podendo acontecer pela desatenção ou realização de muitas tarefas ao mesmo tempo. O episódio pode ser também conseqüência de fatores ligados à saúde. “Por isso, é fundamental que, quando percebidos problemas com a memória, a pessoa busque atendimento médico, para que sejam realizados testes e avaliação neuropsicológicas”, ressaltou o professor.
Outras causas da perda de memória vão da depressão à ansiedade, consumo excessivo do álcool, doenças clínicas e problemas no sono. Todas elas possuem cura, exceto a doença de Alzheimer.
Algumas medidas podem prevenir o problema: manter a saúde física, com acompanhamento médico e exames periódicos; alimentação saudável e controle rigoroso da pressão alta e diabetes. Além disto, atividades físicas regulares mostram grandes benefícios, como o aumento do hipocampo, importante região do cérebro ligada à memória.
Na melhor idade
Durante a palestra, Caramelli citou as pessoas que se aposentam e cessam muitas das atividades intelectuais que realizavam no trabalho. O professor recomenda que é essencial que essas pessoas “usem o cérebro”, seja com a leitura, jogos de xadrez ou outros exercícios e atividades .“Tocar um instrumento, por exemplo, exige coordenação motora e atenção auditiva. Associando vários fatores numa mesma atividade, os benefícios são ainda maiores”, contou.
Na segunda parte da palestra, quando o público pode tirar suas dúvidas, Paulo Caramelli foi questionado se alguns medicamentos realmente ajudam a memória, como os vendidos nos Estados Unidos, os chamados “energéticos para a memória”, que prometem melhorá-la. O professor esclareceu que nenhuma pesquisa comprova que esses medicamentos ajudam na melhoria da memória.
Sobre o Quarta da Saúde
A próxima edição do projeto “Quarta da Saúde” acontece no dia 22 de outubro, às 12h30, na sala 150 da Faculdade de Medicina da UFMG. O tema será “Reumatismo: o que devo saber”, com a professora do departamento do Aparelho Locomotor, Cristina Lana. A participação é gratuita e aberta a todos os interessados, sem necessidade de inscrição prévia.
O projeto “Quarta da Saúde” visa abordar temas sobre saúde de forma ampla e com linguagem acessível ao público em geral. A iniciativa é do Centro de Extensão (Cenex-MED) e da Assessoria de Comunicação Social (ACS) da Faculdade de Medicina da UFMG.