Médicos participam de prova prática de Revalidação de Diploma
30 de novembro de 2015
Nesse domingo, 29 de novembro, a Faculdade de Medicina da UFMG recebeu 210 candidatos para a prova prática de Revalidação de diploma médico. A avaliação é a oportunidade para que médicos que se formaram em outros países, mas que querem exercer a profissão no Brasil, obtenham o diploma da UFMG. Os candidatos foram avaliados no Instituto Jenny de Andrade Faria, anexo do Hospital das Clínicas.
Entre os candidatos, 71,9% são brasileiros que se formaram em outro país. Em seguida, aparecem os bolivianos (10,4%), peruanos (3,8%), argentinos (2,8%) e cubanos (2,8%). Além deles, também participaram médicos do Uruguai, México, Venezuela, Cabo Verde, Portugal, Panamá, Angola, dentre outros.
Em relação ao país da origem do diploma, 50,4% dos candidatos se formaram na Bolívia. É o caso do brasileiro Bruno Guirra, de 26 anos. Segundo ele, a avaliação e a organização foram excelentes. Para a peruana Giovanna Cortez, que também se formou na Bolívia, o que foi cobrado nas estações são casos do dia a dia e as questões tinham o mesmo grau de dificuldade.
Depois da Bolívia, os países com mais diplomas são Cuba (22,8%), Argentina (9%) e Paraguai (4,7%). Além desses, há diplomas da Rússia, Espanha, Colômbia e México. Para o cubano Jorge Lelis, que também se formou em Cuba, “a prova é bem acessível, justa. Eu esperava algo muito mais difícil”.
Segundo o presidente da Comissão Permanente de Diploma Médico Obtido no Estrangeiro, professor André Cabral, “a UFMG tem um processo legítimo e respeitado de revalidação, sempre buscando aprimorar os processos de inscrição e seleção, exigindo que o candidato esteja realmente apto a exercer a profissão”.
Avaliação
Os médicos passaram por estações sobre conhecimentos, habilidades e atitudes em Medicina e permaneceram por sete minutos em cada uma. A avaliação foi feita por professores da Faculdade de Medicina da UFMG e encenadas por estudantes e funcionários da unidade.
Na estação A, uma paciente de 24 anos reclamava de um prurido vaginal, além de reparar perda de cinco quilos nos últimos dias, muito apetite e vontade de urinar diversas vezes durante a noite. Com os sintomas da paciente e o resultado de um teste de glicemia capilar, o médico precisava correlacionar os diagnósticos de diabetes e candidíase vaginal.

A secretária do Departamento de Cirurgia, Evelin Moreira e a estudante do 9º período de Medicina, Bruna Haueisen durante encenação, avaliada pelo professor Leonardo Vasconcellos. Foto: Larissa Rodrigues
Já na estação B, uma senhora levava o(a) filho(a) adolescente de 17 anos que havia passado mal na escola, não estava em jejum e que sua pressão arterial estava alterada. Para diagnosticar a situação do paciente, o médico precisava aferir a pressão arterial, conferir a altura e associá-las em uma tabela conforme o sexo. O professor do Departamento de Propedêutica da Faculdade de Medicina, Leonardo Vasconcellos, foi um dos examinadores dessa estação. Segundo ele, os candidatos chegam muito nervosos, mas são cordiais durante a avaliação. “Eles lembram o que fazer e o que avaliar, mas, às vezes, esquecem de complementar algo. Não tive problemas com a língua, consegui entender bem os estrangeiros”, contou.

O estudante do 8º período de Medicina, Cleo Martins, mostra o raio-x na avaliação realizada pelo professor Lucas Campos Machado. Foto: Larissa Rodrigues
Na estação C, uma pessoa levava um raio-x do seu avô, de 80 anos, que não pôde comparecer, pois estava muito cansado. Segundo o neto, ele estava há um mês sem tomar medicação, sentia falta de ar e as pernas estavam inchadas. Por meio do exame, o médico precisava ver uma cardiomegalia, que é uma doença caracterizada pelo aumento do coração e, em seguida, propor ao neto a internação do avô para medicação intravenosa e oxigênio. Também foi avaliada a situação do comportamento médico frente a um exame trazido por um parente de um paciente ausente. De acordo com o professor do Departamento de Clínica Médica, Lucas Campos Machado, avaliador da estação, os candidatos se apresentavam bem, eram simpáticos e tentavam tratar o paciente pelo nome.
Na estação D, um estudante de 22 anos tinha uma ferida no pênis, exemplificada através de uma foto, contava que a ferida era indolor, sem bolha de água, sem pus e sem febre. Segundo o estudante, ele teve várias parceiras sexuais e realizou sexo sem camisinha. O médico precisava diagnosticar uma sífilis primária e propor ao paciente os devidos tratamentos e orientá-lo quanto a prática de sexo seguro.
Em todas as estações os candidatos também precisavam demonstrar competência para colher dados e conduzir adequadamente a consulta médica, além de mostrar boa comunicação, negociação e postura ética.
O resultado preliminar será encaminhado para o e-mail de cada participante no dia 11 de dezembro.
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