Modelos de Resposta à Intervenção devem ser implementados nas escolas


24 de maio de 2018


Crianças com dificuldade no aprendizado da leitura devem ser corretamente estimuladas. Assunto é objeto de discussão no 3º Congresso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG.

*Raíssa César

Fonoaudiólogos e estudantes participam do 3º Congresso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG. Foto: Carol Morena.

A implementação de Modelos de Resposta à Intervenção (RTI), dentro das escolas, é uma medida necessária para a identificação de problemas de leitura em crianças. Este tema foi discutido no 3º Congresso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, na Conferência “Escolares com dificuldades de aprendizagem – Modelo de RTI” que aconteceu hoje, dia 24 de maio, no Salão Nobre da Faculdade.

Segundo a fonoaudióloga Rita de Cássia Duarte Leite, que mediou a conferência, é necessário que os altos índices de analfabetismo no Brasil sejam combatidos. “Um começo seria alfabetizar as crianças na idade certa, com métodos adequados e, principalmente, com a implementação de Modelos de RTI”, argumentou.

O RTI é um modelo educacional para a identificação precoce de dificuldade de aprendizagem e estimulação para redução dessas dificuldades. Neste contexto, a dificuldade no aprendizado da leitura, de acordo com a fonoaudióloga e professora do Departamento de Fonoaudiologia da UFRJ, Renata Mousinho Pereira da Silva, pode decorrer devido a muitos fatores, como problemas escolares, problemas emocionais, déficit de atenção, problemas de linguagem ou dislexia, por exemplo.

“O diagnóstico não pode ser dado sem uma investigação inicial”, esclareceu a professora. “Por esse motivo, para desempatar as variáveis, a gente levanta hipóteses, faz intervenções com todas as crianças, e a maneira como elas respondem vai esclarecer a dúvida diagnóstica inicial”, acrescentou.

Rita de Cássia Duarte Leite e Renata Mousinho Pereira da Silva durante conferência. Foto: Carol Morena.

A professora explicou que existem três camadas para a aplicação do modelo. A primeira camada deve acontecer em sala de aula, com todas as crianças, em um diálogo que deve ocorrer entre saúde e educação. Já a segunda camada é composta por pequenos grupos de crianças que não aprenderam como os outros, mesmo já passando pela intervenção universal na camada anterior, e necessitam de um estímulo mais direto. O ideal é que ela também aconteça na escola, mas pode ainda ocorrer no ambiente da saúde. A terceira camada, por sua vez, se refere a modelos individuais a serem implementados na área clínica da fonoaudiologia, com crianças com mais dificuldade.

Habilidades para a aprendizagem da leitura

O nível básico de leitura, que compreende atividades como o conhecimento da relação letra-som, é indispensável para automatizar a cognição para as atividades de alto nível, que englobam fazer inferências, correlações, entender a estrutura de textos, entre outras. O modelo de RTI pode ser implementado para estimular o aprendizado dessas atividades básicas nas crianças, disse a fonoaudióloga Renata.

Neste nível, é necessário o desenvolvimento de consciência fonológica, memória de trabalho fonológica e nomeação rápida. “Este tem que ser um tripé para incluir na base de RTI”, afirma a professora. “Crianças com TDAH, dislexia, privação de estímulo, transtorno de linguagem de outra ordem e deficiência intelectual leve vão ter problemas com essas habilidades, então se atinge um grupo muito maior”, prosseguiu.

Dessa forma, os estudos feitos pela professora mostraram que a aplicação do modelo melhorou o desempenho da velocidade de leitura e de compreensão em crianças com essas dificuldades. “Crianças com problemas de leitura olham os textos e acham que somos todos gênios ao lê-los, porque têm a impressão de que tudo é na base da memória. Elas têm que entender que existe uma lógica de recombinação e uma relação entre o que se fala e as letras que se vê”, concluiu.

Programação

O Congresso teve seu início na manhã de hoje, dia 24, com oficinas, sessão de pôsteres, apresentação oral de trabalhos e duas mesas-redondas. A programação, nessa tarde, contou ainda com três mesas-redondas, com as temáticas de práticas interprofissionais, motricidade orofacial e saúde coletiva.

O encerramento do dia de hoje será realizado também no Salão Nobre, às 18h, com a Palestra Magna “Formação do profissional em saúde e interprofissionalidade”. A convidada para falar do assunto é a professora do Departamento de Fisioterapia da EEFFTO da UFMGAna Maria Chagas Sette Câmara.

Até o dia 26, o evento vai abordar os seis assuntos específicos de áreas da Fonoaudiologia, sendo eles voz, linguagem, motricidade orofacial, audiologia, saúde coletiva e práticas interprofissionais, em 19 mesas-redondas e mais duas grandes conferências.

Acesse a programação completa do 3° Congresso.

Mais informações: Departamento de Fonoaudiologia – 3409-9117 ou 3congressofono@gmail.com

*Redação: Raíssa César – estagiária de jornalismo
Edição: Larissa Rodrigues