Mulheres negras sofrem maior carga de violência de gênero

Pesquisa realizada pelo Instituto DataSenado afirma que três a cada dez mulheres brasileiras já foram vítimas de violência doméstica.


31 de janeiro de 2025 - , , ,


* Alexandre Temponi

A violência contra a mulher não se resume apenas à agressão física. É o que explica a doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Medicina da UFMG e convidada do Saúde com Ciência, Nádia Machado de Vasconcelos. De acordo com ela, essa violência é definida como qualquer ato que vai provocar na mulher alguma lesão psicológica, física ou sexual, de forma não consentida.

Além disso, a doutora explica que a violência pode ser dividida em três categorias diferentes: coletiva, auto-infligida e interpessoal. A primeira diz respeito àquela que é movida por uma ação social, como crimes motivados por ódio. Já a violência auto-infligida é aquela realizada pela própria pessoa, como a automutilação e suicídio. Por fim, a interpessoal é a violência praticada numa relação de um indivíduo para outro, como de um marido com sua mulher.

Nádia aponta que a violência é uma forma de demonstração de poder, onde há uma certa hierarquização. A doutora acredita que isso explique muito o alto índice de violência contra a mulher em nossa sociedade, já que culturalmente e historicamente a mulher foi coloca em uma situação de inferioridade em relação ao homem. Portanto, para ela, o gênero se apresenta como fator predominante na violência contra as minorias.

Vulnerabilidade

A doutora analisou que as violências, letais ou não, contra a mulher acontecem majoritariamente contra mulheres negras e de baixa escolaridade. Para Nádia, não adianta criar políticas públicas que protejam as mulheres sem que se olhe de forma mais sensível para os grupos mais vulneráveis da sociedade, já que um fator potencializa o outro.

“As políticas públicas têm que ajudar essas mulheres, primeiramente, nas consequências dessa violência, as lesões físicas e o acompanhamento psicológico. Mas também essas políticas devem ter um papel essencial em prevenir a violência”.

Doutora Nádia Machado de Vasconcelos

Ouça o podcast na íntegra:

Saúde com Ciência

No programa de rádio Saúde com Ciência desta semana, vamos conversar sobre violência contra as mulheres. Iremos explicar e diferenciar o que é e quais são os tipos de violência de gênero. Além disso iremos abordar os impactos dessa violência.

O Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelas principais plataformas de podcasts.

* Alexandre Temponi – estagiário de Jornalismo

Edição: Alexandre Bueno