Não jogue sua saúde no lixo


22 de abril de 2013


*Notícia publicada no Saúde Informa

Engana-se quem pensa que somente ratos, baratas, cupins e outros animais tidos como indesejáveis podem ser considerados pragas urbanas. Todos os animais e insetos que se acumulam no ambiente urbano e podem trazer riscos à saúde humana são enquadrados nessa classificação. Assim, o descontrole da população de caramujos, formigas, abelhas, escorpiões e vários outros animais – até mesmo gatos e cachorros – nas cidades torna-se preocupante.

Ilustração: Carina Cardoso

Em muitas ocasiões, os próprios seres humanos propiciam condições ideais para a disseminação das pragas. O desmatamento provocado pelo homem, por exemplo, leva várias espécies a procurarem abrigos no espaço urbano, lembra o professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, José Carlos Serufo. Ele ressalta que, nas cidades, os animais encontram alimento de sobra no lixo que produzimos. “Nem sempre esse lixo é recolhido pelo serviço público. Muitas vezes ele fica acumulado nos quintais, inclusive dentro das casas, e esses materiais vão permitir a procriação e o aumento da população de pragas urbanas”, diz.

As doenças transmitidas por esses animais geralmente são raras e se manifestam de forma grave, já que o ser humano não está preparado para elas. “Não são como uma gripe, que o organismo já conhece e acaba resolvendo por si só. São doenças que não têm um tratamento efetivo, de forma que a prevenção é sempre a melhor maneira de cuidar”, alerta José Serufo.

Perigo

Um dos exemplos de animais que se tornaram pragas em grandes centros urbanos são os pombos. Com uma estimativa média de vida que vai de três a cinco anos, eles encontram alimentos nos restos orgânicos deixados pelos habitantes nas cidades e, segundo o Ministério da Saúde, podem transmitir mais de 57 doenças catalogadas,entre elas a criptococose, infecção pulmonar que pode levar à pneumonia e até à meningite.

Outro caso, o da proliferação de escorpiões, também resulta de um desequilíbrio ambiental. Estes aracnídeos se alimentam de baratas, que se multiplicam no lixo. Quanto mais lixo descartado incorretamente, mais baratas, e, consequentemente, mais escorpiões. A picada do escorpião pode provocar aumento da frequência cardíaca, dificuldade para respirar e queda de pressão, principalmente em crianças menores de 12 anos.

O lixo e a dengue

Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, também é considerado uma praga urbana. Ele se reproduz na água limpa e parada que pode ficar armazenada em vasilhas, garrafas, pneus e outros utensílios acumulados em quintais,terrenos baldios e bota-foras irregulares.

A prevenção, neste caso, envolve também o ensino de orientações corretas. Quando a população é instruída a tampar a caixa d’água, por exemplo, é preciso esclarecer que fazer isso com madeiras, tábuas ou pedras não é a maneira mais adequada, já que ainda podem ficar frestas pelas quais a fêmea do pernilongo consegue entrar e depositar seus ovos. A forma mais eficiente, recomendada pelos especialistas, é a vedação com telas.

O professor José Serufo salienta que a conscientização, aliada às ações práticas, é capaz de dar um fim à dengue. “Se nós impedirmos que a fêmea do Aedes deposite seus ovos, nós não teremos mais a doença, porque não haverá mais o vetor”, afirma.