Meningite: nova vacina será ofertada nos postos de saúde

A vacina ACWY vai reforçar a imunização contra o tipo C da doença


03 de junho de 2019


*Giovana Maldini

A vacina ACWY vai reforçar a imunização contra o tipo C da doença 

A população poderá contar com nova vacina para prevenção contra a meningite, que será distribuída gratuitamente nos postos de saúde. Trata-se da ACWY, disponibilizada atualmente apenas na rede particular. Essa vacina protege contra mais sorotipos do agente causador da doença, e, por isso, é mais completa do que a vacina meningocócica C, que já é distribuída nos postos de saúde. O programa de rádio Saúde com Ciência desta semana apresenta as formas de prevenção da meningite, assim como seus sintomas e tratamentos.

A nova imunização será indicada, inicialmente, para adolescentes de 11 a 14 anos, no segundo reforço ou dose única, de acordo com a situação vacinal. Em um segundo momento, passaria a ser aplicada também nos bebês. O Ministério da Saúde não divulgou a previsão para a nova vacina chegar à população, mas informa que a imunização contra o sorotipo C, responsável por 60% dos casos, continuará no cartão de vacinação.

A meningite é uma doença que se caracteriza por um processo inflamatório das meninges, que são as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Ela pode ser causada por diferentes agentes infecciosos: as virais têm maior capacidade de causar surtos, enquanto a bacteriana é considerada a mais grave.

A vacina já disponível protege contra a forma mais grave da doença, a meningite meningocócica, causada pela bactéria meningococo. Esse tipo já acometeu mais de mil pessoas no Brasil, em 2018, de acordo com o Ministério da Saúde. Além do tipo C, a nova vacina protege contra outros três sorotipos de meningite bacteriana: A, W e Y.

No momento, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta quatro vacinas que protegem contra os principais tipos de meningites:

Calendário vacinal

A professora adjunta do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Valéria de Melo Rodrigues, explica que, além das crianças, os adolescentes também pertencem ao grupo mais vulnerável à meningite. Por isso, essa faixa etária também está inclusa no calendário de vacinação da rede pública.

“No primeiro ano de vida, essas vacinas são oferecidas no calendário vacinal, em qualquer centro de saúde. Agora, os adolescentes também são contemplados contra a meningite C, que começou a ser ofertada entre 11 e 14 anos”, explica.

Os dados preliminares do Ministério da Saúde mostram que a cobertura vacinal, em 2018, foi de 85,6%, quase 7% maior do que no ano anterior. Por isso, a professora ressalta a importância de uma boa cobertura vacinal.

“É importante que todos tenham consciência de manter o seu cartão em dia. Não só a população infantil, mas também os adolescentes, adultos e idosos. Existem diversas vacinas disponíveis para a população. Porém, muitas vezes, as pessoas não sabem”, enfatiza.

Outras formas de prevenção

Além da vacinação, o professor titular do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, Enio Pedroso, alerta para formas complementares de prevenção que podem ser aplicadas no dia a dia.

“Reconhecer que se está doente é importante. As pessoas com orofaringite ou com aparente inflamação na garganta deviam usar uma máscara, lavar a mão, ter cuidado com a higiene pessoal e cuidar na época do frio, que é uma época que nos ajuntamos mais. A vacina também é bem importante”, frisa.

A professora Valéria de Melo Rodrigues ainda ressalta que as formas de prevenção da meningite são habituais para evitar qualquer doença. “A gente recomenda que além da vacinação, os ambientes sejam arejados e saudáveis”, destaca. Ela também recomenda que a população procure atendimento médico antes de se vacinar. “Qualquer dúvida que a pessoa tenha, ela deve procurar o serviço de saúde para ser examinada e sanada suas principais dúvidas”, orienta.

A doença

A meningite pode ser provocada por outros agentes como vírus, parasitas e outras bactérias. Geralmente, esses agentes são transmitidos por meio do ar ou pelo contato com pessoas infectadas, que penetram no corpo até atingir o sistema nervoso central.

É importante procurar atendimento médico ao notar os sintomas acima para que seja feito o diagnóstico e o tratamento seja inciado. No caso das meningites virais, somente os sintomas são tratados, enquanto nas meningites bacterianas, são utilizados antibióticos como a penicilina, para combater a bactéria causadora da doença.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 145 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.

*Giovana Maldini – estagiária de Jornalismo

Edição: Karla Scarmigliat