O câncer mais prevalente no país pode ser definido por hábitos na juventude
04 de dezembro de 2018
*Guilherme Gurgel
Os hábitos com relação ao sol, nos primeiros 20 anos da vida, definem o risco de uma pessoa desenvolver câncer de pele no futuro. Esse efeito cumulativo da falta de cuidado é destacado pelo dermatologista e professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Claudemir Roberto Aguilar, em defesa da prevenção à doença: a mais prevalente na população brasileira, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), correspondendo a 30% de todos os tumores malignos no país.
De acordo com o professor, o câncer de pele é um crescimento desordenado de células desse órgão, sendo a exposição mais intensa ao sol, em um país tropical, um dos principais fatores estimulantes. Ele informa que essa exposição apresenta um risco ainda maior para as pessoas de pele mais clara. “A luz solar funciona como uma radiação ao atingir a pele desprotegida, causando lesões ao DNA da célula e criando uma predisposição ao câncer de pele”, completa.
O professor também ressalta a importância do diagnóstico precoce. “O crescimento rápido e a modificação de formato e cor das pintas, além de feridas que não cicatrizam ou machucados que tenham sangramento fácil, são sinais de alerta e necessitam da avaliação de um profissional dermatologista”, informa o professor.
Como se proteger
Evitar atividades a céu aberto entre 10h e 16h em dias ensolarados, usar o protetor solar quando se expuser e roupas que protejam a pele são exemplos de hábitos para prevenção, considerando a exposição ao sol como principal causadora do câncer de pele no Brasil.
Sobre a escolha do Fator de Proteção Solar (FPS), Claudemir esclarece que a Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda o FPS 50 para a população geral. “Mas uma pessoa de pele morena pode usar um fator mais baixo, como o de 30, por exemplo. Usar um FPS maior não traz nenhum benefício”, aponta.
Segundo o dermatologista, a indicação da primeira aplicação deve ser 30 minutos antes da exposição ao sol e a reaplicação é a cada duas horas. “Se a pessoa se molhar ou transpirar muito tem que passar o protetor novamente, porque o efeito é inativado ao molhar a pele”, acrescenta.
Câncer de pele além do sol
Claudemir explica que, embora a maior parte dos casos seja causada pelo sol, existem outras causas, como o tabagismo, um dos fatores responsáveis pelo câncer de pele na região da boca. “Alguns tipos podem surgir a partir da exposição à radioterapia para tratamento de algum outro câncer, por exemplo. O contato com o raio x utilizado neste procedimento leva a uma predisposição ao câncer de pele”, afirma.
As pessoas que trabalham em lavoura, além da exposição intensa e contínua ao sol, têm contato direto com pesticidas, outro fator de risco. “O arsênico é um componente químico usado em alguns pesticidas e inseticidas, que pode induzir o câncer de pele”, afirma.
O professor acrescenta o fato de que lesões na pele que não são tratadas adequadamente e não cicatrizam, podem ser um sinal de alerta. “Apesar das variadas causas que o câncer de pele pode ter, a grande maioria dos casos está ligada à exposição ao sol e é onde devemos ter o maior cuidado”, conclui.
*Guilherme Gurgel – estagiário de Jornalismo
Edição: Deborah Castro