ObservaPed Itinerante emociona e conscientiza comunidades do Vale
Moradores, estudantes e professores relatam experiências em duas comunidades do Vale do Jequitinhonha
20 de dezembro de 2019 - observaped, pediatria, vale do jequitinhonha
*Antônio Paiva e Lethícia Pechim
Em sua 4° edição, o ObservaPed Itinerante, projeto do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, continua a emocionar, divertir e conscientizar comunidades, estudantes e professores. De 13 a 15 de dezembro, equipe com mais de 30 integrantes se descolou por mais de 14 horas para tornar possível ações educativas e de lazer em duas comunidade do Vale do Jequitinhonha-MG: Santa Rita, em José Gonçalves de Minas; e Vargem do Setúbal, pertencente ao município de Chapada do Norte.
Pelo segundo ano consecutivo, o projeto promoveu rodas de conversa, teatro, oficinas e laboratório de simulação em prol do aumento de qualidade de vida e segurança das comunidades do Vale. Para os moradores da região, as atividades proporcionam um dia diferente, de educação e lazer, e mostrou que as comunidades não estão sozinhas.
A morada Hélia Souza Santos, de 29 anos, relata como foi receber as ações do ObservaPed no áudio a seguir:
As pequenas moradoras Luna e Maria Eduarda comentam sobre as oficinas que participaram e contam de quais gostaram mais:
Boas-vindas
A felicidade da população em receber o projeto pode ser percebida pelo sorriso das pessoas e também pela maneira como receberam os voluntários da ação: banquetes de café da manhã, almoço e jantar, além de apresentações, demonstraram a gratidão e o carinho com Observaped Itinerante.
Troca de culturas
A realidade das comunidades de José Gonçalves de Minas e de Chapada do Norte tocou os estudantes e professores do ObservaPed, que se comoveram com relatos de violência sexual, física e verbal, racismo, além do sentimento de esquecimento pelo poder público.
A estudante do 7º período de Medicina da UFMG, Bárbara Fernandes, relata como foi essa experiência:
De acordo com o estudante de psicologia da UFMG e integrante da equipe, Pedro Cardoso, o contato com as comunidades proporcionou visão de uma realidade completamente diferente da vivenciada por muitos estudantes da UFMG, o que ajuda a prepará-los para atender pacientes com diferentes conhecimentos de mundo.
Ouça o relato do estudante a seguir:
Oficinas
A função do Observaped é justamente observar e ver qual é a demanda da comunidade. Por isso, além de ter levado as oficinas do ano passado, a equipe do projeto observou a necessidade de também promover a capacitação dos profissionais de saúde e segurança das comunidades, que ocorreu por meio de roda de conversa sobre adolescência e oficinas.
“Nós trouxemos a oficina de reanimação cardiorrespiratória, por exemplo. Considerando que aqui é um município de dificílimo acesso, ter essa habilidade pode ajudar muito até que chegue um socorro”, conta a Coordenadora do Observaped Itinerante e chefe de secretaria do Departamento de Pediatria, Marília Regina Rodrigues.
Além da oficina de reanimação cardiorrespiratória, o projeto levou atividades que não são do programa, mas que passaram a integrar a programação devido às demandas das comunidades. Exemplos são as oficinas de escovação de saúde bucal e epilepsia.
A professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Maria Cândida Ferrarez Bouzada Viana, coordenou a oficina de reanimação cardiorrespiratória. Confira o relato da professora a seguir:
História dos municípios
O município de Chapada do Norte está localizada no Vale do Jequitinhonha, com uma área de 828 Km² e uma população de aproximadamente 15.225 habitantes. Sendo 32% residente na zona urbana e 68% na zona rural dispostos em quatro distritos, três povoados e 33 comunidades de pequenos agricultores dispersos.
O município lidera o ranking de cidades mineiras com maior percentual de população negra e com o maior número de comunidades quilombolas: 14 grupos, sendo 10 certificadas pela Fundação Palmares. Segundo dados do IBGE 91,1% da população é constituída de pardos ou negros.
Já José Gonçalves de Minas foi emancipada politicamente em 1995. Na economia, o município tem como principais atividades os setores agropecuário e de extração vegetal, com destaque para os cultivos de café, cana, feijão, mandioca e milho.
De acordo com o IBGE, em 2017, o salário médio mensal era de 1.6 salários mínimos e a proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 6.6%. A taxa de escolarização do município era de 6 a 14 anos de idade para 99,2 % da população.
Confira a galeria de imagens:
*estagiários de Jornalismo
Edição: Karla Scarmigliat