Outubro Rosa: a importância da mamografia no momento certo 


16 de outubro de 2018


Entenda os principais fatores de risco para o câncer de mama e porque a mamografia não é indicada para mulheres mais jovens

*Guilherme Gurgel

O câncer de mama é caracterizado pela multiplicação indiscriminada de células tumorais da mama e pode ter relação direta com a produção do estrógeno, hormônio sexual feminino que está envolvido no ciclo menstrual. Por isso, quanto maior o tempo sob a ação desse hormônio, maiores são as chances de desenvolver a doença. “Uma mulher com menarca precoce (primeira menstruação) ou menopausa tardia fica exposta por mais tempo ao estímulo hormonal, então a chance de ter o câncer é maior”, explica a professora do Departamento de Anatomia Patológica e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFMG, Cristiana Buzelin Nunes.

Foto: Carol Morena.

No entanto, algumas situações e hábitos que diminuem a produção do hormônio podem reduzir essa possibilidade. “Durante o período de amamentação, o estímulo do estrogênio na mama é reduzido, funcionando, assim, como um fator de proteção contra o câncer de mama”, esclarece a professora. Ela também orienta a prática de exercícios físicos e cuidados com a alimentação. “O acúmulo de gordura no organismo aumenta a produção de hormônios por outras vias, por isso a prática de exercícios físicos e uma alimentação balanceada, com menos calorias e gordura, é fator protetor”, completa.

Diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce continua sendo a principal saída para reduzir complicações e mortes pela doença. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que haverá em 2018, aproximadamente, dois milhões de novos casos de câncer de mama em todo o mundo e 600 mil mortes pela doença.

A maior incidência desse tipo de câncer  é em mulheres acima de 50 anos. Nessa faixa etária, é recomendado realizar a mamografia a cada dois anos. Já o autoexame  é indicado para todas as idades. A técnica inclui observar a mama em frente ao espelho, apalpá-la de pé e repetir a ação deitada a fim de verificar se há alguma alteração.

Os casos em mulheres com menos de 35 anos são relativamente raros. Porém, geralmente, são detectados em fase mais avançada. “O câncer de mama em mulheres mais jovens está, normalmente, ligado à hereditariedade. E este tipo de tumor costuma responder pior ao tratamento e ser mais agressivo, mas há como tratar”, informa Cristina.

Mamografia em mulheres jovens

O risco nessa faixa etária é mais alto quando há histórico em parentes de primeiro grau. Ainda assim, a recomendação do Inca é que o rastreamento da doença com mamografia em mulheres sem sintomas ou sinais de doença continue sendo feito a partir de 50 anos. Isso porque, antes da menopausa, a mamografia tem limitações para identificar lesões em função da maior densidade dos seios. Com isso, pode representar mais riscos do que benefícios, como resultado falso-positivo, o que gera ansiedade e excesso de exames desnecessários.

A professora Cristiana Buzelin Nunes também alerta que a mamografia em mulheres mais jovens pode acarretar no diagnóstico e tratamento de câncer que não apresenta risco à vida. “Isso expõe a paciente à quimioterapia e radioterapia, ou até a remoção da mama, desnecessariamente, e a exposição aos raios X por um longo período, que pode induzir o câncer”, explica.

De acordo com o Inca, mulheres com alto risco hereditário para a doença devem ser avaliadas individualmente para decisão sobre a rotina de acompanhamento a seguir. No entanto, independentemente da idade,  é importante ficar atento aos sinais da doença. “Inicialmente, a mulher não sente nada, a não ser que a lesão cresça muito e comprometa outras estruturas. Esse crescimento pode causar dor, aumento de secreção no mamilo, secreção hemorrágica, ulceração da pele e nódulo palpável”, exemplifica a especialista.

*Guilherme Gurgel – estagiário de Jornalismo

Edição: Karla Scarmigliat