‘PDI do Centenário’ incorpora mudanças institucionais e responde a novos desafios
Aprovado pelo Conselho Universitário e disponível para consulta on-line, documento traça perspectivas para os próximos anos
23 de julho de 2024
O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFMG para o período de 2024 a 2029, aprovado pelo Conselho Universitário no mês passado, já está disponível para consulta on-line. O documento foi estruturado e apresentado por comissão instituída em março de 2023 pela Reitoria e aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), composta de representantes dos docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes da instituição.
O PDI também recebeu sugestões da comunidade universitária enviadas por meio de mensagens eletrônicas ou apresentadas em audiências públicas realizadas em 2023 nos campi Pampulha, Saúde e Montes Claros, além das propostas discutidas internamente nas unidades e daquelas encaminhadas pelos órgãos da administração central da Universidade.
O plano 2024-2029 servirá de referência para o novo processo de recredenciamento institucional da UFMG pelo Ministério da Educação, previsto para 2029, abrangendo também o ano do centenário da instituição, em 2027 – o que motivou a destinação de um espaço maior no documento dedicado à história da Universidade.
“Ao nos aproximarmos dos 100 anos de fundação da UFMG, temos o compromisso de pensar e planejar seu futuro, o que implica responder à altura as exigências de nosso tempo. A UFMG deve continuar expandindo sua abrangência, relevância e excelência, aprofundando a reflexão sobre os temas centrais que se anunciam neste século, para que possamos, como sociedade e como país, nos antecipar aos desafios que nos aguardam”, afirma a reitora Sandra Regina Goulart Almeida.
Transformações
Entre as mudanças incorporadas no documento atual, em comparação com o PDI anterior (2018-2023), está a criação de novos capítulos, resultantes das sugestões apresentadas pela comunidade, como os dedicados à formação de professores para a educação básica, no eixo de Políticas acadêmicas, e saúde, educação e ciência, no eixo Desenvolvimento institucional.
A professora Benigna de Oliveira, presidente da comissão responsável pela sistematização do PDI, lembra que, desde 2018, a instituição e a própria sociedade brasileira passaram por grandes transformações, que precisavam ser consideradas no plano seguinte. “O novo PDI inclui questões relacionadas a mudanças no perfil do corpo discente e dos servidores, repercussões da pandemia da covid-19 e dos cortes orçamentários, principalmente os que ocorreram nos últimos anos, assim como os efeitos decorrentes da criação de novos cursos, tanto na graduação como na pós-graduação”, pontua.
Ela recorda ainda a criação de novas instâncias nesse período, como a Comissão Permanente de Ações Afirmativas e Inclusão, em 2019, e a Pró-reitoria de Cultura (Procult), em 2022. E cita ainda a elaboração das diretrizes da Política de Comunicação Institucional da UFMG, aprovada pelo Conselho Universitário em 2023, da Política de Desenvolvimento dos Servidores Técnico-administrativos, do mesmo ano, além da Política de Inovação, de 2022, e da Política de Divulgação Científica, de 2021.
Temas transversais
A professora destaca que alguns capítulos já existentes no último PDI passaram por reformulação. “No novo plano, o capítulo dedicado a esporte e lazer apresenta a proposta de criação de uma política específica para essa área na UFMG. Já o capítulo que tratava de educação a distância passou a abordar também educação digital e propostas iniciais para o uso da inteligência artificial nas atividades acadêmicas. Outro capítulo reformulado foi o dedicado às políticas de permanência de estudantes, que passou a ter uma perspectiva mais focada na equidade de direitos e de oportunidades, promovendo as condições necessárias para que os alunos tenham uma trajetória de formação de qualidade”, observa.
Ela ressalta que as ações afirmativas são um dos temas transversais do PDI 2024-2029. A política de permanência estudantil prevê programas e ações destinados a alunos da educação básica, da graduação e da pós-graduação, com prioridade para aqueles em situação de vulnerabilidade econômica e risco social e cultural.
O capítulo dedicado à cidadania, compreendida como processo contínuo, construído coletivamente, também passou por reformulação, subdividido nos tópicos Direitos Humanos, Saúde Mental, Ações Afirmativas e Inclusão Social e Acessibilidade e Inclusão, esferas nas quais a UFMG assume o compromisso de desenvolver ações específicas.
Planos diretores
Na avaliação de Benigna Oliveira, um dos capítulos fundamentais no PDI 2024-2029, também chamado de PDI do Centenário, é o que trata da Infraestrutura, especialmente por apresentar a proposta de elaboração de novos planos diretores, que estabelecem as diretrizes de ocupação e uso do território, para os campi da UFMG – o Projeto Campus 2000, pautado na construção de uma “cidade universitária” na Pampulha, foi estruturado há mais de 25 anos e precisa ser atualizado. A ideia é que a comunidade seja envolvida, mais uma vez, na elaboração dos novos planos diretores, colaborando na identificação de problemas e na busca de soluções.
“Buscando fortalecer ainda mais os laços físicos e imateriais que unem nossa comunidade universitária, damos os primeiros passos em direção ao projeto do Campus centenário, que pode ser entendido como um gesto para a integração humana e o planejamento das espacialidades para além dos limites físicos, sempre com respeito ao meio ambiente e às formas de vida nos campi. O espaço passa a ser compreendido como ponto de encontro e integração das diversas formas do conhecimento”, afirma a reitora Sandra Goulart Almeida.
Um dos conceitos que vão guiar o processo de revisão dos planos diretores é a sustentabilidade, outro tema transversal no documento consolidado do PDI 2024-2029. “O plano apresenta a Agenda UFMG para o ambiente e a sustentabilidade, que indica uma série de transformações institucionais a serem conduzidas nos próximos anos, em diálogo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas. Trata-se de articular ações nas diversas esferas da atividade acadêmica – ensino, pesquisa e extensão, visando tornar a UFMG uma referência nas questões ambientais, tanto na produção de conhecimento e formação de pessoas quanto na prática cotidiana de seu funcionamento”, observa a presidente da comissão.
Gestão e avaliação institucional
No eixo de Políticas de gestão, destaca-se o capítulo comunicação e informação, também elaborado a partir de questões levantadas durante a elaboração do PDI, como a necessidade de construir uma imagem sólida da instituição, garantir acesso público à informação sobre a UFMG e produzida pela Universidade e investir em sistemas de informação, gestão de arquivos e no aprimoramento do uso das tecnologias digitais de informação e comunicação nas atividades acadêmicas e administrativas.
No último capítulo, sobre avaliação institucional, uma das mudanças relatadas foi a criação do Escritório de Governança de Dados Institucionais em 2023, com a proposta de promover a análise de informações que possam ser usadas de forma estratégica para que a Administração Central da Universidade construa propostas baseadas em evidências.
Outro avanço foi a criação do Comitê Gestor de Sistematização de Dados de Egressos (CGE), em 2021, que tem entre suas atribuições elaborar e implementar uma política de acompanhamento de alunos formados pela UFMG, a fim de identificar a trajetória, a área de atuação e a inserção dos ex-alunos no mundo do trabalho, contribuindo para a reflexão sobre a formação permanente. O CGE, criado por sugestão da Comissão Própria de Avaliação (CPA), instância responsável pela avaliação contínua do PDI, passou a ser vinculado à Diretoria de Avaliação Institucional.
“É importante sublinhar que a avaliação institucional tem papel fundamental no acompanhamento das políticas acadêmicas e na melhoria das atividades-fim da instituição, bem como de sua atividade-meio e de sua infraestrutura. Configura-se como desafio constante e tem como finalidade apresentar um olhar crítico e propositivo sobre o que acontece na Universidade, comparando o planejamento institucional com as ações implementadas”, conclui a reitora Sandra Goulart Almeida.
Alessandra Ribeiro – Cedecom