Pesquisa inédita mapeia entidades de apoio e acolhimento atuantes em álcool e drogas
Resultados apontam que regulamentação do setor e aprimoramento dos processos de seleção por parte do governo surtiram impacto positivo nas entidades.
17 de dezembro de 2024 - Álcool, Comunidades terapêuticas, drogas, MDS, Naves, Pesquisa, UFMG

O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), em parceria com a Faculdade de Medicina da UFMG, apresentou os dados da maior pesquisa já realizada de monitoramento de entidades de apoio e acolhimento atuantes em álcool e drogas em todo o Brasil.
Os resultados da “Pesquisa dos dados do monitoramento das entidades de apoio e acolhimento atuantes em álcool e drogas” são fruto de visitas a 518 unidades de acolhimentos localizadas de norte a sul do país. O levantamento dos dados foi feito pelo Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade e Saúde (NAVES) da UFMG, entre agosto de 2023 e junho de 2024.
O titular do MDS, Wellington Dias, prestigiou a apresentação do estudo e destacou que seguir a ciência ajuda a dar passos firmes na construção das políticas públicas. “Se a gente seguir buscando o caminho da ciência nós temos uma grande chance de vitória. A pesquisa de dados de monitoramento leva em conta a missão do MDS e tem também algo bem maior, ao ler, vocês vão perceber que é algo muito profundo. Não se trata de um mecanismo fiscalizatório, se trata de um passo importante para evidências científicas”, destacou o ministro.
Para ele, a união das políticas públicas com a ciência é garantia de sucesso para continuar transformando o Brasil e mudando realidades para melhor. “Se a gente puder marchar juntos com a ciência e as pesquisas científicas, a chance de vencer é bem maior.”
A pró-reitora adjunta de pesquisa da UFMG, Jacqueline Takahashi, representando a reitora da UFMG, parabenizou a Faculdade de Medicina e destacou a densidade e profundidade do estudo. “Essa pesquisa não é para ser lida, mas sim estudada. A UFMG está orgulhosa de participar desse projeto. As informações mostram a grande relevância que a pesquisa científica tem para subsidiar decisões governamentais no aperfeiçoamento das políticas públicas”, celebrou.
Foram visitadas 518 entidades de apoio e acolhimento atuantes em álcool e drogas, contratadas pelo governo federal. O relatório sugere fortemente o impacto positivo da regulamentação, do aprimoramento dos processos de seleção para a contratação e do processo de organização institucional das entidades avaliadas nos serviços prestados pelas entidades contratadas pelo governo federal.
O coordenador do NAVES, professor Frederico Garcia, detalhou os dados. “Essa pesquisa é inédita, a maior do Brasil e uma das maiores do mundo realizada in loco. Os resultados são favoráveis a essa política, a maior parte das entidades foram bem avaliadas. A normatização tem contribuído para a melhoria dessas instituições”, pontuou.
Ele destacou o quanto a batalha para livrar os jovens da dependência química é desafiadora no Brasil. “Cada indivíduo e cada jovem que perdemos para a dependência química se torna um problema. A droga e a dependência empobrecem o país”, analisou.
Ele também destacou o apoio do Governo Federal para que a pesquisa fosse realizada. “É uma honra participar de um governo que acredita na ciência. Essa pesquisa foi um grande desafio porque visitamos comunidades de acolhimento de norte a sul. Este estudo traz um retrato muito claro do que são as unidades de acolhimento em nosso país”, concluiu.

Dados
As entidades monitoradas informaram dispor da soma total de 26.323 vagas para acolhimento de pessoas com transtornos por uso de álcool e drogas. Destas, 12.717 vagas (48,31%) estavam contratadas pelo governo federal no momento das visitas.
A distribuição de vagas disponíveis é heterogênea nas diferentes regiões do país, sendo que a maior proporção de vagas se encontra nas regiões Sudeste (34,06%), Sul (28,73%) e Nordeste (26,62%); e a menor nas regiões Norte (3,3%) e Centro-Oeste (7,35%). Essas proporções estão abaixo das proporções da população das regiões Sudeste (42,06%) e Norte (8,41%) e são superiores às proporções da população das regiões Sul (14,3%), Centro-oeste (7,44%) e Nordeste (27,8%), segundo o IBGE.
Entre as entidades monitoradas, 77,6% delas acolhem público masculino, 13,8% apenas público feminino e 8,6% são mistas, ou seja, acolhem os dois gêneros.
Sobre a infraestrutura, 88,1% das entidades visitadas tinham infraestrutura que atendia aos padrões de qualidade. Da parte sanitária, 50,4% ofereciam apenas banheiros coletivos aos acolhidos e 53% tinham banheiros adaptados para pessoas com necessidades especiais.
Foram coletados dados de 5.215 profissionais atuando, uma média de 9,73 profissionais por entidade. Os profissionais de nível superior diretamente ligados ao cuidado dos acolhidos são, em sua maioria, psicólogos, seguidos de assistentes sociais, educadores e médicos.
Na avaliação qualitativa dos acolhidos sobre as entidades, a falta de atividades na rotina apareceu em quase um quinto dos relatos, a falta de contato com a família em 15,5%, a prática de cobranças pelas entidades em 13,6% e a insuficiência de profissionais em 11%.
As entidades de grande porte e as de pequeno porte concentram mais os problemas, sendo as de porte médio menos associadas a críticas e problemas identificados.
Entre as limitações do estudo estão a amostra, que envolve apenas as contratadas pelo governo federal.
Confira a íntegra da pesquisa.
Com Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS)