Pesquisa relaciona reabilitação vestibular e aumento na qualidade de vida de idosos
Tese defendida na Faculdade de Medicina visa incentivar a reabilitação vestibular para melhora da cognição geral dos idosos
04 de março de 2024
Vitor Pepino*
Idosos com disfunção vestibular apresentaram melhora da cognição geral e das habilidades de orientação, memória, habilidades aritméticas, linguagem oral e escrita, praxia e funções executivas após a reabilitação vestibular, segundo mostra tese defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto da Faculdade de Medicina UFMG. Pela primeira vez um estudo nesta área demonstra como a reabilitação vestibular pode ajudar em vários quesitos na vida do idoso.
A reabilitação vestibular é um método composto por exercícios de equilíbrio estático, dinâmicos e oculomotores, que ativam a função vestibular por meio dos reflexos vestíbulo-ocular e vestíbulo-espinhal, auxiliando o idoso a retomar suas atividades de vida diária.
Popularmente conhecida como tontura, a disfunção vestibular acontece quando o sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio geral do corpo, está em alteração causando sensação de movimento errônea. Sendo mais comum no idoso, pela perda de células e neurônios, os sintomas são de fácil reconhecimento: sensação de rotação de cabeça ou do ambiente, podendo estar associada a zumbido, dor de cabeça e enjoos.
“O ideal é consultar com o médico otorrinolaringologista para identificar se a tontura é devido a um problema no labirinto. Dependendo do caso, utiliza-se medicação no momento de crises intensas de tontura, mas o ideal é o fonoaudiólogo coordenar a reabilitação vestibular para o tratamento”, afirma o autor do estudo Marlon Ribeiro.
Tratamento e prevenção
Algumas das formas de prevenir essa doença é manter a mente e o corpo ativos, com a leitura e atividade física, contribuindo para um envelhecimento saudável. Para o pesquisador: “quanto mais o idoso busca se manter ativo, menor a chance de desenvolver as doenças que são comuns na terceira idade”.
O trabalho acompanhou 47 idosos durante oito sessões de reabilitação vestibular e avaliação cognitiva no Hospital São Geraldo, verificando melhora em habilidades cognitivas como linguagem oral, escrita, atenção, sintomas depressivos e funcionalidade, além da melhora do equilíbrio e diminuição da tontura.
Para o pesquisador, “é muito importante para a pessoa diagnosticada saber que existe tratamento e que os medicamentos são apenas analgésicos, que não curam a doença, e por meio da reabilitação vestibular, é possível habituar e compensar o labirinto aos movimentos do dia a dia”.
A partir desses resultados observa-se aumento na qualidade de vida desses idosos, uma vez que voltam a exercer as atividades normalmente, como sair na rua e levantar da cama. “Alguns pacientes relataram uma melhora na autoestima depois do tratamento, pois puderam voltar a dançar forró sem sentir tontura, se sentindo mais ativo”, explica.
Por fim, o pesquisador reforça que essas respostas demonstram a relação da tontura com a cognição, sendo possível então que outros locais apliquem a reabilitação vestibular e os testes cognitivos para acompanhar a evolução dos pacientes.
“Em qualquer posto de saúde é possível realizar a reabilitação vestibular, ela não exige equipamentos modernos para os exercícios, e é possível adaptar para a queixa do paciente, utilizando movimentos específicos para o que ele deseja retornar a fazer em sua rotina com tranquilidade e segurança. Vale ressaltar que tontura não é normal em idosos, ela deve ser diagnosticada e tratada”, completa Marlon.
Pesquisa: Efetividade da reabilitação vestibular no desempenho cognitivo de idosos com disfunção vestibular
Programa: Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto
Autor: Marlon Bruno Nunes Ribeiro
Orientadora: Maria Aparecida Camargos Bicalho
*Redação: Vitor Pepino – Estagiário de jornalismo
Edição: Débora Nascimento