Pesquisadores e profissionais da saúde aprendem novas técnicas de revisão sistemática em workshop


17 de dezembro de 2019 - , ,


O 1º workshop para produção de revisão sistemática seguindo o método Cochrane, realizado no último final de semana na Faculdade de Medicina da UFMG, proporcionou a troca de conhecimento dessa metodologia e de ferramentas que colaboram para seus resultados. Participaram do curso cerca de 20 profissionais e pesquisadores da área da saúde, incluindo professores da Faculdade.

“O objetivo foi apresentar como se produz uma revisão sistemática, ensinando a metodologia da Cochrane de forma prática. Essa é uma instituição internacional e, provavelmente, a mais reconhecida em termos de revisão sistemática devido ao seu alto padrão e rigor de qualidade”, afirmou o professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade, Marcelo Pellizzaro, também diretor científico da Associação Mineira de Medicina de Família e quem idealizou o curso.

“A avaliação do workshop foi muito positiva, superou as expectativas dos presentes que puderam conhecer uma metodologia muito importante, mas acima de tudo, conhecer novas ferramentas de software que facilitam a revisão e são disponibilizadas gratuitamente pela Cochrane, mesmo para as revisões que não serão publicadas pela instituição”, destacou Pellizzaro.

Dos softwares apresentados, o professor destacou uma ferramenta chamada RevmMan, revise management, um software de gestão que facilita a preparação de protocolos e revisões completas, incluindo texto, características dos estudos, tabelas de comparação e dados do estudo. “Além de conhecer essas ferramentas, foi muito interessante a integração da turma, o sentimento de grupo, o que nos deixa ainda mais animados em reativar o centro Cochrane de Minas”, apontou Pellizzaro.

Ele conta que esse workshop contou com a participação de pesquisadores da filial da Cochrane do Rio de Janeiro e que a perspectiva é fortalecer o centro de Minas Gerais, que já existe, mas ainda não está muito ativo. “Esperamos que os professores que fizeram esse curso possam dar sua contribuição para essa ativação e para tornar o centro mais produtivo”, comentou.

A metodologia

O professor explica que a revisão sistemática é a forma mais reconhecida em termos de força de evidência para sumarizar determinado assunto científico. Já a metanálise é uma forma de sintetizar o resultado em um único número. “Por exemplo, quando estudamos o efeito da aspirina para a prevenção de infarto, pode se fazer uma revisão sistemática com todos os grupos que tenham tratado diretamente ou indiretamente essa associação. E a metanálise vai tentar trazer o resumo desse resultado em forma de número, como dizer que reduz em tantos por cento o risco de infarto para quem faz uso da aspirina”, informou.

Ele argumenta que esse método de revisão bibliográfica pode servir a qualquer assunto da saúde, ou seja, com infinitas possibilidades de uso. “Se formos pensar em um assunto de medicina preventiva podemos citar, por exemplo, qual é o impacto, dos programas de transferência de renda para redução de iniquidade e melhora dos indicadores de saúde da população”, citou.

“Essa metodologia permite que se faça uma busca muito abrangente na literatura e, caso os estudos sejam suficientemente homogêneos, consiga fazer um resumo do resultado final como um número”, continuou o professor. “Por exemplo, de que para cada um dólar de transferência de renda pode-se melhorar em tantos por cento determinado desfecho, como a mortalidade infantil, com base nos estudos que já foram publicados”, completou.

Realização

O workshop foi promovido pelo Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG, registrado no Centro de Extensão da UFMG, com apoio da Associação Mineira de Medicina de Família e Comunidade, a Universidade Federal de Ouro Preto e a Universidade Federal de São João Del-Rei.