Picada de abelha pode provocar quadros graves


28 de março de 2013


Na segunda série sobre o Mundo Animal, programa de rádio da Faculdade de Medicina também destaca doenças e intoxicações relacionadas a outros animais de menor porte, como carrapato e lagarta.

Produção de mel e cera, trabalho organizado e o temido ferrão. As características ativas da abelha, considerada ainda animal peçonhento, contrastam com sua tentativa de alçar voo após aplicar a ferroada: o ferrão é preso ao abdômen e, sendo assim, alguns nervos, parte do tubo digestivo e a bolsa de veneno também podem ser perdidos no ato da picada. É por isso que, frequentemente, ela morre algum tempo depois.

Nessa picada, a abelha injeta uma substância denominada melitina, que, entre outras implicações, intensifica receptores de dor. Mas há diferenças entre as reações das vítimas, de acordo com a espécie do inseto. Segundo Luciana Silveira, professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, existem abelhas que não são causadoras desse quadro de dor, nem de nada mais grave. Normalmente, as produtoras de mel não são agressivas. “Em geral, os acidentes estão relacionados às europeias africanizadas, que são aquelas abelhas mais típicas, mais redondinhas, com o aparelho ovipositor modificado em forma de ferrão”, esclarece a professora.

Ilustração: Carina Cardoso

O infectologista Délio Campolina, também professor do Departamento de Clínica Médica, garante que esses acidentes não têm maiores consequências se a pessoa não é alérgica e sente apenas dor no local. Caso seja necessário, ele recomenda um analgésico para aplacar essa dor. Já para a pessoa que tem alergia, o cuidado deve ser redobrado. “Pode haver gravidade em uma só picada e se a pessoa receber múltiplas picadas, como no ataque de um enxame, é possível ocorrer um envenenamento”, revela.

Cerca de dois minutos após o incidente, o veneno do ferrão já foi inoculado, e alguns dos sintomas surgem imediatamente. Entre eles, o infectologista reforça a dor local, que pode evoluir para um edema local ou à distância. Mas os alérgicos podem desenvolver ainda um edema nos olhos, inclusive edema de glote e até incapacidade de respiração. “Além disso, há o risco do choque anafilático, com a possibilidade de arritmia, insuficiência renal e até a evolução do quadro para óbito”, acrescenta.

Por fim, Délio Campolina sugere que essas pessoas muito alérgicas, ao irem para locais onde possam ter abelhas, levem um kit contendo dose de adrenalina para aplicação em caso de picada. Outras medidas preventivas, como evitar perfumes fortes e roupas muito coloridas – amarelas e alaranjadas, por exemplo –, também são bem-vindas, principalmente para quem vai pro campo neste feriado.

Tema da semana

Na série Mundo Animal II, saiba mais sobre outras zoonoses e suas formas de transmissão, como a febre maculosa, relacionada ao carrapato. Confira a programação:

Bicho geográfico – segunda-feira (01/04/2013)

Abelha – terça-feira (02/04/2013)

Lagarta – quarta-feira (03/04/2013)

Carrapato – quinta-feira (04/04/2013)

Evitando as pragas – sexta-feira (05/04/2013)

Sobre o programa de rádio

O Saúde com Ciência é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. O programa é veiculado em vinte e nove emissoras de rádio em Minas Gerais. Também é possível conferir as edições pelo site do Saúde com Ciência .