Precarização do trabalho e desemprego afetam saúde da população
Adoecimento físico e mental dos trabalhadores foi discutido durante o II Seminário Nacional Trabalho e Emprego no Brasil
03 de outubro de 2018
Adoecimento físico e mental dos trabalhadores foi discutido durante o II Seminário Nacional Trabalho e Emprego no Brasil
Trabalhadores empregados, subempregados ou desempregados. No quesito saúde, todos saem perdendo com o elevado índice de desemprego que tem assombrado o país. O adoecimento físico e mental dos trabalhadores foi tema do “II Seminário Nacional Trabalho e Emprego no Brasil”. O evento foi realizado pelo Núcleo de Estudos Saúde e Trabalho (Nest), nesta quarta-feira, 3 de outubro, na Faculdade de Medicina da UFMG.
A coordenadora do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador de Minas Gerais, Marta de Freitas, ministrou palestra durante o evento, na qual destacou dados que dão dimensão do atual cenário de desemprego no país.
De acordo com ela, 6,5 milhões de pessoas estão subocupadas, isto é, em empregos precários e sem regulamentação. Cerca de 13 milhões de brasileiros estão desempregados e outros 5 milhões em situação de desalento, quando já não procuram mais por emprego. “O Brasil vive, desde 2014, uma crise política, econômica e ética, que traz recessão, desemprego, crise fiscal, precarização do trabalho e vários problemas que afetam toda a população”, argumentou.
O cenário de desemprego, subemprego e desalento resulta em adoecimento em todas as categorias. O desempregado, por exemplo, sofre com ansiedade, depressão, estresse e conflitos familiares. O empregado, por sua vez, sofre com o que a palestrante denominou como administração do medo. “É a ideia de que se o trabalhador não estiver satisfeito com o trabalho, tem uma fila de pessoas que gostariam de estar no seu lugar”, exemplificou.
Esgotamento
Para Marta Freitas, a administração do medo faz com que o trabalhador, em muitas situações, atue sob estresse máximo. Com isso, ele pode adquirir doenças físicas, como lesão por esforço repetitivo (L.E.R) e problemas cardíacos. Sofrimentos mentais também são recorrentes, porém invisibilizados, já que são vistos como questões individuais e fragilidades do indivíduo. “Se as pessoas estão adoecendo no mesmo local de trabalho, com os mesmos sintomas, isso prova que é o modo de trabalho que está doente, não é um problema do indivíduo”, explicou.
Segundo a professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade, Ada Ávila, que também ministrou palestra durante o seminário, o emprego é um determinante da produção social das doenças. “O desemprego afeta as condições de trabalho dos empregados, porque eles se submetem a piores condições”, acrescentou.
O trabalho temporário, por exemplo, apresenta índices de alta prevalência de morbidade psicológica e maior risco de acidentes. Isso porque há déficit na formação do profissional para que atue com maior segurança. Os trabalhadores com menos experiência ficam mais vulneráveis aos acidentes. “A reforma trabalhista no Brasil traz uma mudança no padrão da regulação do trabalho, alterando muito mais do que as relações de trabalho. Toda essa reorganização no mundo trabalho é uma forma de precarização do trabalho”, concluiu a professora.
Segundo encontro
O “II Seminário Nacional Trabalho e Emprego no Brasil” terá um segundo encontro no dia 26 de outubro, com palestra do doutor em desenvolvimento e economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Tiago Oliveira.
Ele irá debater os dados nacionais de emprego e as terminologias utilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em pesquisas nacionais. Para conferir a programação completa, clique aqui.
A palestra será realizada das 9h às 11h, na sala 062 da Faculdade de Medicina da UFMG. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas por meio do preenchimento de formulário online. Será emitido certificado aos participantes.
Mais informações: 31 3409 9112 ou cegest@medicina.ufmg.br
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Fotos: Carol Morena