Preconceito causou 420 mortes no Brasil em 2018

Uma pessoa LGBT é morta no Brasil a cada 20 horas, vítima de homofobia ou transfobia


22 de abril de 2019 -


A cada 20 horas, uma pessoa LGBT é assassinada ou comete suicídio 

Carol Prado*

Foto: Freepik

Com base na pesquisa do Grupo Gay da Bahia, uma pessoa LGBT é morta no Brasil a cada 20 horas, vítima de homofobia ou transfobia. Outra pesquisa, divulgada pelo Portal UOL, aponta que o índice é de uma morte a cada 16 horas. Numa sociedade heteronormativa, se pressupõe a existência de uma sexualidade normal. No caso, a heterossexualidade. Nomeando os tipos de sexualidade e colocando heterossexualidade como “normal”, se cria a oposição às outras formas. Dessa maneira, o que não é hetero seria anormal. Assim, suscita o preconceito. No entanto, não existe certo e errado relacionado à sexualidade humana. Esse é o tema do Saúde com Ciência dessa semana.

“Por que, a despeito de tanta ‘evolução’, ainda existem tantos tabus e preconceitos em relação à sexualidade?”, questiona o psicólogo, psicanalista e professor da Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da UFMG, Paulo Ceccarelli, logo nas primeiras páginas do artigo Sexualidade e Preconceito. Para o professor, preconceito pode ser definido como a não aceitação da diferença. “Preconceito é um mecanismo psíquico que todo mundo tem, que faz com que eu projete no outro alguma coisa que me incomoda por dentro. E que coisa é essa? É a diferença. Não tem nada a ver com sexualidade”, alega o professor Ceccarelli.  

A heterossexualidade é apenas uma das expressões possíveis da sexualidade. Tentar nomear as “posições da libido” supõe a separação entre sexualidades normais e anormais, o que, do ponto de vista psicanalítico, não existe. Essas definições são recentes e vão depender de um ponto de vista e de uma cultura. Gay, heterossexual, bissexual são exemplos de nomenclaturas criadas. Segundo Paulo Ceccarelli, “não tem como definir, como é que você define lésbica? É a pessoa que gosta do mesmo sexo? Então, hétero é quem gosta do sexo oposto. A gente achar que isso tem definição implica que exista uma sexualidade normal e não tem”.

As tentativas de nomeação e determinação de aspectos relacionados à sexualidade têm grandes chances de serem excludentes. É importante estar aberto à recepção das diferenças e, independente de um sentimento particular relacionado ao outro, ele não deve ser discriminado.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h.

O programa também é veiculado em outras 145 emissoras de rádio, distribuídas por todas as macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify.

*Carol Prado – estagiária de jornalismo

Edição: Maria Dulce Miranda