Preconceito prejudica reabilitação de pacientes com transtorno mental
Na semana do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, professores lembram a importância de combater a psicofobia
18 de maio de 2016
Na semana do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, professores lembram a importância de combater a psicofobia
O termo psicofobia é adotado para designar atitudes preconceituosas e discriminatórias contra pessoas com deficiências ou transtornos mentais. Nesta semana, em que se celebra o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, professores da Faculdade de Medicina da UFMG lembram a importância de lutar contra esse tipo de comportamento.

Psicofobia designa atitudes preconceituosas e discriminatórias contra pessoas com deficiências ou transtornos mentais. Foto: Pixabay
A expressão “psicofobia” foi criada em 2012, pela Associação Brasileira de Psiquiatria, junto com a campanha “A Sociedade Contra o Preconceito”, que tinha como principal objetivo combater o prejulgamento sobre o indivíduo com transtorno mental e o psiquiatra. Segundo a professora do Departamento de Saúde Mental da Faculdade, Tatiana Mourão, esse preconceito acontece, muitas vezes, porque o paciente com quadro mental está fora do padrão comumente aceito. “O que as pessoas precisam entender e respeitar é que nem todo mundo precisa se encaixar no que é tido como padrão”, pontua.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 40 milhões de pessoas vivem com algum transtorno psiquiátrico, como depressão, autismo e esquizofrenia. Mas, apesar do estigma, as deficiências e os transtornos mentais não impedem que esses indivíduos levem uma vida relativamente normal, em especial, quando respondem bem ao tratamento. “O fato de uma pessoa ter um quadro psiquiátrico não a deslegitima frente às situações de compromissos familiares e profissionais”, acrescenta o também professor do Departamento, Rodrigo Nicolato. “O paciente estando bem, respondendo ao tratamento, merece toda a nossa confiança e o nosso respeito”, completa.
Os professores também concordam que a reintegração social do indivíduo diagnosticado com o quadro é essencial para sua recuperação. Dessa forma, a psicofobia pode prejudicar o tratamento do paciente, dificultando o convívio social. “Combater o estigma e o preconceito contra pessoas que possuem algum quadro psicótico é um trabalho pessoal e diário”, enfatiza a professora Tatiana.
Desde 2012, a psicofobia é considerada crime federal, com pena prevista de dois a quatro anos de prisão.
Projeto de extensão
A Liga Acadêmica da Saúde Mental (Lasme), formada por alunos da Faculdade de Medicina da UFMG com outras faculdades, tem a conscientização popular sobre os transtornos mentais como uma das suas principais missões sociais. Através de um projeto de extensão, os participantes da Liga divulgam panfletos em praças públicas e postos de saúde de Belo Horizonte.
As informações publicadas esclarecem que os transtornos mentais são como outros distúrbios de saúde e, por isto, merecem atenção da população, além de tratamento médico. Os panfletos também buscam desmistificar dois dos transtornos mais comuns: a esquizofrenia e a depressão. Para a Lasme, desconstruir ideias estabelecidas no senso comum é questão fundamental no combate à psicofobia.
Semana de Saúde Mental e Inclusão Social
No dia 18 de maio é comemorado o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, lembrando o movimento iniciado no final da década de 1980, que culminou na Reforma Psiquiátrica Brasileira. As comemorações se estendem para a Semana de Saúde Mental e Inclusão Social, na qual familiares, trabalhadores e usuários desse serviço buscam conscientizar a população sobre os quadros psiquiátricos.
Com esse objetivo, a Pró-reitoria de Extensão (Proex) e a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) da UFMG estão organizando a IV Semana de Saúde Mental e Inclusão Social, com atividades até o próximo dia 20. Confira a programação: www.quartasemanasmis.wordpress.com/programacao.