Erros comuns na hora de escolher uma graduação


05 de fevereiro de 2020 - , , , , ,


*Lethícia Pechim

Um total de 782.497 candidatos se inscreveram no Programa Universidade para Todos (Prouni), segundo balanço do Ministério da Educação (MEC) divulgado nesta semana. O programa seleciona estudantes que serão beneficiados com bolsas em instituições particulares. Já no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para ingresso nas universidades públicas, foram cerca de 1 milhão e 800 mil inscritos. É nesse momento que os candidatos precisam confirmar a escolha por um curso. Mas é preciso ter cuidado com os inimigos dessa decisão, como a pressa e a influência familiar.

O Saúde com Ciência apresenta série sobre a saúde mental de jovens no período pós-vestibular e questões que atravessam essa etapa, como a escolha por um curso e inserção no mercado de trabalho. Ouça aqui.

Pensa com calma

Para iniciar uma graduação logo após concluir o ensino médio, muitos alunos tendem a escolher um curso sem uma pesquisa aprofundada ou por meio de critérios pouco satisfatórios como a nota de corte necessária para ser aprovado.

Segundo a coordenadora do Núcleo de Apoio Psicopedagógico dos Estudantes da Faculdade de Medicina (Napem), Maria Mônica Ribeiro, essa “pressa” para ingressar em uma graduação reflete o funcionamento do mercado de trabalho.

 “Como o ensino médio não oferece para o estudante habilidades necessárias para se inserir no mercado de trabalho, o estudante vê o curso universitário como a única saída para o trabalho e o Enem como única saída de entrar em uma universidade”, afirma.

– “mas minha família prefere esse do que o outro”

A influência familiar e a opção por um curso por seu retorno financeiro também podem não ser bons parâmetros para essa decisão. Para a psiquiatra e professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, Ana Maria Costa da Silva Lopes, o trabalho não deveria ser confundido com questões puramente mercadológicas.

“Muitos alunos escolhem, influenciados na maior parte das vezes pelos pais, o curso que tem status e dê retorno financeiro”, afirma.

De acordo com a especialista, o ideal é que a profissão seja vista por uma perspectiva de ofício, de uma arte na qual você se insere e, através dela, alcance sua sobrevivência. Por isso, para que se tenha maior sucesso na escolha do curso, a dica é escolher um que tenha mais a ver com o seu perfil.

– “quero mudar de curso”

Com a maneira mercadológica de enxergar a profissão, é comum que o aluno fique insatisfeito com a escolha e troque de curso ou até mesmo tranque a graduação. Segundo o último dado MEC, 56,8% dos alunos matriculados na graduação desistiram do curso.

No entanto, a coordenadora do Napem, Maria Mônica, esclarece que essa mudança implica em recomeço, o que demanda investimento pessoal e negociação com a família, que pode ser quem mantém o estudante.

Mudar de graduação pode ser ainda mais difícil quando o curso tem prestígio ou status no mercado de trabalho, como maiores possibilidades de empregabilidade, do que para outro curso onde esses fatores são piores. “Vemos alunos insatisfeitos com o curso de medicina, mas não é fácil deixar um curso de medicina”, exemplifica.

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Sobre o Programa de Rádio

O   Saúde com Ciência é produzido pelo Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. Ouça na Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) de segunda a sexta-feira, às 5h, 8h e 18h. Também é possível ouvir o programa pelo serviço de streaming Spotify



*estagiária de Jornalismo
edição: Karla Scarmigliat