Professora é premiada no programa “Para Mulheres na Ciência” e avança na inovação em saúde digital

Ganhadora deseja implementar o uso de aplicativos para celular no atendimento à saúde após alta hospitalar


02 de dezembro de 2024 - , , ,


Foto: Arquivo pessoal

A professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Luisa Campos Caldeira Brant, foi uma das sete vencedoras do prêmio “Para Mulheres na Ciência”, na 19ª edição do programa, que reconhece a excelência feminina na pesquisa científica. A premiação aconteceu no último dia 27 de novembro, no Rio de Janeiro, e contou com a professora como representante das premiadas no evento.

Promovido pela L’Oréal Brasil em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a UNESCO no Brasil, o programa tem como objetivo fomentar a equidade de gênero na ciência e incentivar a participação de mulheres em campos tradicionalmente dominados por homens. Desde sua criação, a iniciativa já premiou mais de 350 jovens cientistas em 110 países, destacando talentos nas áreas de Ciências da Vida, Ciências Físicas, Ciências Químicas e Ciências Matemáticas. Cada ganhadora recebe uma bolsa-auxílio no valor de R$ 50 mil para investir em seus projetos de pesquisa.

Inovação no cuidado à saúde pós-alta hospitalar

Luisa Campos Caldeira Brant foi premiada na categoria Ciências da Vida pelo seu trabalho no uso de tecnologias digitais para melhorar o atendimento à saúde no Brasil. Líder na área cardiovascular, a pesquisadora está à frente do desenvolvimento de soluções digitais que podem revolucionar os cuidados pós-alta hospitalar, com foco especial em pacientes com insuficiência cardíaca (IC).

Foto: Arquivo pessoal

A insuficiência cardíaca é uma das principais causas de internação por doenças cardiovasculares no Brasil. Para enfrentar esse desafio, a professora lidera a adaptação de um aplicativo de saúde criado em colaboração com cinco universidades norte-americanas, sob a liderança da Universidade Stanford. Agora batizado de OPT, o aplicativo é uma solução inovadora em saúde digital projetada para apoiar pacientes com IC.

“OPT” é o acrônimo do nome original do projeto em inglês, mas também carrega um slogan significativo: “Opte por participar do seu tratamento!”, reforçando a importância do engajamento do paciente no próprio cuidado. O aplicativo já está sendo avaliado em um ensaio clínico randomizado, com resultados esperados para o final de 2025.

Impacto e objetivos do OPT

O OPT busca melhorar a adesão dos pacientes às medicações recomendadas por diretrizes médicas, que têm o potencial de reduzir reinternações em até 70%. Além disso, a ferramenta oferece orientações sobre autocuidado, avaliações sistemáticas e ajustes de tratamento medicamentoso, promovendo uma abordagem mais personalizada e eficaz.

Para o contexto brasileiro, o aplicativo inclui recomendações adaptadas à realidade local, como dietas baseadas em alimentos regionais e atividades físicas acessíveis ao cotidiano da população. A expectativa é que o OPT não apenas beneficie pacientes com insuficiência cardíaca, mas também seja expandido para o cuidado de outras doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão.

Outro aspecto destacado por Luisa é o potencial da ferramenta de ser incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS), caso os resultados do ensaio clínico demonstrem benefícios significativos. “Nosso objetivo é contribuir para uma saúde pública mais eficiente, oferecendo suporte digital acessível e inovador”, explica a pesquisadora.

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