Projeto Aiti seleciona estudantes voluntários de extensão

Projeto reúne equipe multiprofissional para cuidado com o paciente que sai do CTI


26 de agosto de 2019


Imagem do projeto

Até 2 de setembro, o projeto Atenção Integral após Terapia Intensiva recebe inscrições para novos voluntários de extensão. A jornada é de quatro horas semanais, com atividades no Hospital das Clínicas da UFMG. Podem se candidatar estudantes da graduação dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Terapia Ocupacional e Psicologia.

A inscrição deve ser feita pelo e-mail projeto.aiti.ufmg@gmail.com. O candidato deve enviar um formulário de interesse, com suas informações e a motivação para participar do projeto. Para saber como preencher o documento, acesse o edital.

Além do formulário, o processo de seleção também compreende reunião com os voluntários. O resultado geral será divulgado em 7 de setembro.

Cuidado depois do CTI

Segundo a coordenadora do projeto e professora do Departamento de Clínica Médica, Carolina Coimbra, a terapia intensiva ocorre quando o paciente precisa do suporte à vida para alguma função vital, como respiração ou circulação. A professora afirma que dependendo do tempo de permanência do paciente nessa situação, ele tem o risco de desenvolver o que hoje é chamado de Síndrome Pós-Terapia Intensiva (Pics). “É uma dificuldade em retornar à condição prévia de saúde que ele tinha. Isso se refere tanto à saúde física, quanto às consequências psicossociais”, explica.

Aproximadamente 50% dos pacientes que permanecem mais de três dias em Terapia Intensiva podem desenvolver uma ou mais manifestações da Pics. Após o primeiro ano, cerca de 5% desses pacientes ainda têm manifestações crônicas relacionadas ao tempo de permanência no Centro de Terapia Intensiva (CTI).

Família também precisa de cuidados

A Síndrome Pós-Terapia Intensiva também tem efeitos na família do paciente. Segundo Carolina, o paciente que sai do CTI precisa de alguns cuidados em casa. Assim, a pessoa da família que se responsabiliza frequentemente sofre consequências psiquiátricas e financeiras. “O ideal é que tanto o paciente, quanto o familiar, recebam informação e educação e sejam preparados gradativamente para esse cuidado”, orienta.

Equipe multiprofissional

A coordenadora do Aiti explica que o paciente pode ter demandas em vários domínios após a terapia intensiva, por isso a importância da atenção integral nesse momento. “A fraqueza adquirida depende da reabilitação na fisioterapia. Aquele que ficou entubado muito tempo, pode precisar da fonoterapia. Se ficar desnutrido, pode precisar do suporte nutricional. Pode ter sintomas psiquiátricos, então precisar do apoio psicológico e psiquiátrico. Assistência social também auxiliar com documentação para conseguir algum benefício. E o clínico é quem vai detectar e acompanhar alguma perda funcional orgânica”, enumera.

Segundo Carolina, esse cuidado ainda é incipiente no Brasil e é exatamente essa lacuna que o projeto quer suprir. Ela conta que quando o paciente sai do CTI para a enfermaria, o nível de cuidado diminui. “Então, quando ele sai, não sabe que aquela incapacidade ou perda vai acompanhá-lo por um tempo. E é possível recorrer ao serviço de atendimento em algumas situações”, explica.

O projeto Aiti atua em vários níveis, uma atuação inicial é na identificação no CTI dos pacientes com risco de desenvolver a Pics. Quando esse paciente vai para a enfermaria, uma equipe do projeto o acompanha até a alta. Quando ele chega ao final da internação, se ainda não completou a reabilitação, é convidado a receber um contato ou ir ao ambulatório do Aiti, que passará a funcionar dentro de um ou dois meses”, revelou a professora.

Benefícios para o estudante

De forma geral, o objetivo do projeto Aiti é preencher as lacunas existentes no cuidado com o paciente, desde o momento da entrada no CTI, até sua reabilitação. Para o participante do projeto e estudante do 10º período de Medicina, Maurício Vitor Oliveira, esse conhecimento é uma das principais vantagens de participar dessa extensão. “Muitas vezes, durante a formação, a gente tem recortes do paciente e fazemos nossa parte. Mas o projeto muda essa visão, você sente que está fazendo uma diferença maior, lá a gente acompanha o cuidado do início ao fim”, avalia.

O estudante conta que muito se aprende sobre o cuidado multidisciplinar durante a formação, mas que nem sempre é possível aplicar esse conhecimento. “O que tem que melhorar é a comunicação, tanto com o paciente, que vai fazer o autocuidado, quanto entre as diferentes equipes”, defende.

Para conhecer mais o projeto e a possibilidade de participar, acesse o site ou envie um e-mail para projeto.aiti.ufmg@gmail.com